- 1
Pedro Ortaça - Timbre de Galo
- 2
Pedro Ortaça - Queixo Duro
- 3
Pedro Ortaça - Guasca
- 4
Pedro Ortaça - Finado Trançudo
- 5
Pedro Ortaça - Companheira
- 6
Pedro Ortaça - Ronco da Oito Baixos
- 7
Pedro Ortaça - O Quilombo Das Luzia
- 8
Pedro Ortaça - Tenteando o Bico da Gansa
- 9
Pedro Ortaça - Milonga do Pajador
- 10
Pedro Ortaça - A Volta do Sorro Manso
- 11
Pedro Ortaça - Galo Missioneiro
- 12
Pedro Ortaça - Milonga Dos Ancestrais
- 13
Pedro Ortaça - Bailanta do Tibúrcio
- 14
Pedro Ortaça - Lobisome Esperto
- 15
Pedro Ortaça - Velha Gaita
- 16
Pedro Ortaça - Décima do Sorro
- 17
Pedro Ortaça - Judiado da Idade
- 18
Pedro Ortaça - Rasga Cueca
- 19
Pedro Ortaça - Janelas da Liberdade
- 20
Pedro Ortaça - Meu Canto
- 21
Pedro Ortaça - De Igual Pra Igual
- 22
Pedro Ortaça - Missioneiros
- 23
Pedro Ortaça - Se Guasqueando Pros Dois Lados
- 24
Pedro Ortaça - Surungo do Campo Fundo
- 25
Pedro Ortaça - Baile de Cola Atada
- 26
Pedro Ortaça - De guerreiro a payador
- 27
Pedro Ortaça - Décima do Bico Branco
- 28
Pedro Ortaça - Herança Missioneira
- 29
Pedro Ortaça - Milonga do Peão de Agora
- 30
Pedro Ortaça - Minha Estampa
- 31
Pedro Ortaça - Relato de Um Cantor Cego
- 32
Pedro Ortaça - Achego
- 33
Pedro Ortaça - Amigo Pedro
- 34
Pedro Ortaça - Bagual
- 35
Pedro Ortaça - Cantador
- 36
Pedro Ortaça - Debulhando Milho
- 37
Pedro Ortaça - Guri Canoeiro
- 38
Pedro Ortaça - No Balanço da Morena
- 39
Pedro Ortaça - Trovador Negro
- 40
Pedro Ortaça - Baiquara
- 41
Pedro Ortaça - Chimarrão À Dois
- 42
Pedro Ortaça - Desde os tempos de Sepé
- 43
Pedro Ortaça - Esperança Povoeira
- 44
Pedro Ortaça - Guitarreiro Ao Pé do Fogo
- 45
Pedro Ortaça - Milonga
- 46
Pedro Ortaça - Orgia Pampeana
- 47
Pedro Ortaça - Pampa Livre
- 48
Pedro Ortaça - Passo da Laranjeira
- 49
Pedro Ortaça - Pátria Colorada
- 50
Pedro Ortaça - Potro Gatiado
- 51
Pedro Ortaça - Quando Eu Abro Minha Cordeona
- 52
Pedro Ortaça - Reflexões de quem anda
- 53
Pedro Ortaça - Ressureição
- 54
Pedro Ortaça - Três Bandeiras
- 55
Pedro Ortaça - Xucra
- 56
Pedro Ortaça - Zaino Requeimado
- 57
Pedro Ortaça - As Pedras São Testemunhas
- 58
Pedro Ortaça - Beleza Missioneira
- 59
Pedro Ortaça - Bem Me Quer
- 60
Pedro Ortaça - Campeando o Boi Barroso
- 61
Pedro Ortaça - Cantadeira
- 62
Pedro Ortaça - Cantiga do Boi Destino
- 63
Pedro Ortaça - Canto Liberto
- 64
Pedro Ortaça - Cerne e Pedra de Taipa
- 65
Pedro Ortaça - Changueiro
- 66
Pedro Ortaça - Chinoquinha Missioneira
- 67
Pedro Ortaça - Costeiro
- 68
Pedro Ortaça - Deixa De Arte Nicolau
- 69
Pedro Ortaça - Desdobrando Um Chamamé
- 70
Pedro Ortaça - Entre Rios
- 71
Pedro Ortaça - Está Na Hora
- 72
Pedro Ortaça - Fogo Morto
- 73
Pedro Ortaça - Grito do Lenha Podre
- 74
Pedro Ortaça - Guapeando
- 75
Pedro Ortaça - Guitarreando Ao Pé do Fogo
- 76
Pedro Ortaça - Lá No Baile Dos Três Nós
- 77
Pedro Ortaça - Liturgia
- 78
Pedro Ortaça - Magia do Pantanal
- 79
Pedro Ortaça - Milonga Para Uma Flor
- 80
Pedro Ortaça - Momento Sério
- 81
Pedro Ortaça - Nas Asas De Um Chamamé
- 82
Pedro Ortaça - Nas Torrentes Dos Meus Versos
- 83
Pedro Ortaça - O borracho
- 84
Pedro Ortaça - Para Ti
- 85
Pedro Ortaça - Pataquada
- 86
Pedro Ortaça - Pau Ferro
- 87
Pedro Ortaça - Rancho Vazio
- 88
Pedro Ortaça - Retorno
- 89
Pedro Ortaça - Rio Guri
- 90
Pedro Ortaça - Rumos
- 91
Pedro Ortaça - Sabedoria do Tempo
- 92
Pedro Ortaça - Sonho Guarani
- 93
Pedro Ortaça - Tiempo Adentro Y Campo Afuera
- 94
Pedro Ortaça - Tio Manduca, o Pescador
- 95
Pedro Ortaça - Touros Roceiros
- 96
Pedro Ortaça - Vanerão do Tio Tuca
- 97
Pedro Ortaça - Viver Em Paz
Décima do Sorro
Pedro Ortaça
Na tarde boca da noite, inventei uma caçada
Na costa de uma restinga deixei uma trampa armada
Para ver se ali caía um sorro nesta emboscada.
O tal sorro que eu queria já me era um desafio
Bicho pequeno que havia ele passava no figo,
Leitão, borrego e galinha roubava do pobrerio.
No outro dia bem cedo, primeiro cantar do galo
Apiei da minha cama e amuntei no meu cavalo
Fui ver se tinha caído na trampa o sorro que falo.
Tinha caído sereno, tava molhado o capim
Apanhar aquele sorro era uma honra pra mim,
Pra quem rouba da pobreza a gente tem que dar fim
Lhe chamam de sorro manso que de valde não se arrisca
Mas de longe eu vi o bicho meio engasgado na isca
Quando se sentiu das pata chegava soltar faísca
Mas o sorro é bicho esperto, raça de bicho ladino
Quebrou as garras da trampa, decerto o arame era fino
Embora de pata renga fugiu do triste destino
Mas eu como fui soldado na vali da disciplina
Fiz um cargo aproximado, fui lhe esperar numa esquina
Já ia saindo o sorro do meio de uma faxina
Eu larguei o meu cachorro, um pitoquinho colera
O sorro já ia longe passando numa porteira
Pra se pegar este bicho só tiro de boleadeira
Já meu pitoco chegava quase na cola do sorro
Quando o bicho perseguido deu um grito de socorro
Livrai-me senhor dos matos dos dentes deste cachorro
Fez volta e fez contra-volta, veio e entrou num buraco
De tanto correr o bicho eu já me sentia fraco
Quando chegou meu pitoco já fui tirando o casaco
Metendo a mão pela toca tirei ele pela oreia
Quantos crimes tu tens feito entre galinhas e oveia
Não foi por nada que Cristo não te botou sobrancelha
Nem assim o sorro véio nas garras de minha mão
Entregou a rapadura, gritou e pediu perdão
Me apelou pro sentimento e eu tive bom coração
Dei-lhe uma sova de laço com a tala de meu reio
Dizendo é pra que aprenda a não roubar o alheio
Comer criação dos pobre é um pecado dos mais feio
Larguei o sorro riscado mesmo que jaguatirica
Ele ouviu o meu conselho que pros demais aqui fica
Todo ladrão de respeito só rouba de gente rica.