- 1
Elomar Figueira Melo - Arrumação
- 2
Elomar Figueira Melo - Noite de Santo Reis
- 3
Elomar Figueira Melo - Cantiga do Estradar
- 4
Elomar Figueira Melo - Campo Branco
- 5
Elomar Figueira Melo - Violeiro
- 6
Elomar Figueira Melo - História de Vaqueiros
- 7
Elomar Figueira Melo - O Pedido
- 8
Elomar Figueira Melo - Incelença Pro Amor Retirante
- 9
Elomar Figueira Melo - Cantiga de Amigo
- 10
Elomar Figueira Melo - O Peão na Amarração
- 11
Elomar Figueira Melo - Chula No Terreiro
- 12
Elomar Figueira Melo - Patra Véa do Sertão
- 13
Elomar Figueira Melo - Cavaleiro do São Joaquim
- 14
Elomar Figueira Melo - Desafio do Auto da Catingueira
- 15
Elomar Figueira Melo - Homenagem a Um Menestrel
- 16
Elomar Figueira Melo - Na Quadrada das Águas Perdidas
- 17
Elomar Figueira Melo - A Meu Deus Um Canto Novo
- 18
Elomar Figueira Melo - Canção da Catingueira
- 19
Elomar Figueira Melo - Gabriela
- 20
Elomar Figueira Melo - O Rapto de Joana do Tarugo
- 21
Elomar Figueira Melo - O Violeiro
- 22
Elomar Figueira Melo - Canto de Guerreiro Mongoió
- 23
Elomar Figueira Melo - A Pergunta (do "O Tropeiro Gonsalin")
- 24
Elomar Figueira Melo - Acalanto
- 25
Elomar Figueira Melo - Deserança
- 26
Elomar Figueira Melo - Balada do Filho Pródigo
- 27
Elomar Figueira Melo - Cantada
- 28
Elomar Figueira Melo - Cantiga do Boi Encantado
- 29
Elomar Figueira Melo - Curvas do Rio
- 30
Elomar Figueira Melo - Retirada
- 31
Elomar Figueira Melo - Tirana (de "O Tropeiro Gonsalin")
- 32
Elomar Figueira Melo - Antífona № 11
- 33
Elomar Figueira Melo - Dassanta (do "Auto da Catingueira")
- 34
Elomar Figueira Melo - Na Estrada das Areias de Ouro
- 35
Elomar Figueira Melo - Zefinha
- 36
Elomar Figueira Melo - A Função
- 37
Elomar Figueira Melo - Cantoria Pastoral
- 38
Elomar Figueira Melo - Joana Flor Das Alagoas
- 39
Elomar Figueira Melo - A Donzela Tiadora
- 40
Elomar Figueira Melo - Clariô (do "Auto da Catingueira")
- 41
Elomar Figueira Melo - Estrela Maga dos Ciganos
- 42
Elomar Figueira Melo - Faviela
- 43
Elomar Figueira Melo - O Cavaleiro da Torre
- 44
Elomar Figueira Melo - Bespa (do "Auto da Catingueira")
- 45
Elomar Figueira Melo - Incelença do Amor Retirante
- 46
Elomar Figueira Melo - Incelença pra terra que o Sol matou
- 47
Elomar Figueira Melo - O Cavaleiro Na Tempestade
- 48
Elomar Figueira Melo - Ópera Auto da Catingueira - Parcelada
- 49
Elomar Figueira Melo - Ópera o Retirante - Cena de Espancamento Na Paulista
- 50
Elomar Figueira Melo - Primeira Sinfonia - Aboiô
- 51
Elomar Figueira Melo - Seresta Sertaneza
- 52
Elomar Figueira Melo - Agora Sou Feliz
- 53
Elomar Figueira Melo - Incelença Para Um Poeta Morto
- 54
Elomar Figueira Melo - Louvação
- 55
Elomar Figueira Melo - Parcelada (do "Auto da Catingueira")
- 56
Elomar Figueira Melo - Puluxia Estradeira (de "O Tropeiro Gosalin")
- 57
Elomar Figueira Melo - Alfa
- 58
Elomar Figueira Melo - Corban
- 59
Elomar Figueira Melo - Naninha
- 60
Elomar Figueira Melo - Ópera Peão Mansador - Sei Qui Vô Voltá
- 61
Elomar Figueira Melo - Parcela
- 62
Elomar Figueira Melo - Puluxia das Sete Portas (de "O Tropeiro Gosalin")
- 63
Elomar Figueira Melo - Cantar de Faxina
- 64
Elomar Figueira Melo - Dos Labutos
- 65
Elomar Figueira Melo - Ópera Casa Das Bonecas - Ária da Despedida
- 66
Elomar Figueira Melo - Ópera Peão Mansador - Faç’is Não
Ópera o Retirante - Cena de Espancamento Na Paulista
Elomar Figueira Melo
Dêxa eu ispilicá
Num bate lhe peço
Iantes deu lhe falá
Meu êrro confesso
Mais essas pancada me dói
Num bate lhe peço
Tô errado eu sei
Se agora fragado
Faltoso cum a lei
Num tempo passado
Podes crê, meu Siô
Já fui bem criado
Lá na Vage dos Mêra
Na luita do trabai
Na prufissão primêra
Labuta de pastô
Donde passei a infância intêra
Guardan’as cabra de meu pai
E zelan’o gado de meu avô
Cheguemo a essas banda
Mode as circunstança
Paciença meu patrão
Dua tal dinplemença
Qui num dô difinição
Mode essa fiquemo
Sem nosso lugá
E à mingua viêmo
Sem nada pra cá
Caçan’ um futuro
Dua vida mió
Pra mode lhe juro
Nóis pudê istudá
Eu pra sê dotô
Mia irirmã sê prefessôra
Mais foi perdêdera
Crêa in mias voiz
Esse é o fim da histora
Apois a sorte essa ramêra
Madrasta cruel e algois
Cuma ancê de palmatora
Feito u’a fera
Deu purriba de nóis!
Já chega meu Siô
De tanta ispancação
Assim ancê me alembra
Disculpa a cumparação
Ua onça ligêra
Malvada e piquena
Qui hay no sertão
Lá na Vage dos Mêra
Que in certas minhã
Quan’ a noite serena
Ataca as marrã
E os burrego aspena
Pru sede de saingue
E de judiação
Dispois da prevessa
Bebê o qui pode
Baldona sem pressa
Lamben’ os bigode
E sem dá satisfação
Toda u’a nação de bode
Caída vencida
Sem sangue sem vida
Sem nada no chão!
Num ve que meu corpo
É franzin’e eu não aguento
Tanto ispancamento
Seu minin’ essa dô
Nos peito dói tanto
E a cabeça tomem
No intanto num intendo
E num intende ninguém
Prú quê (eu le peço
Siô tem piedade)
Ficô tão prevesso
Os irirmão da cidade
Verdade divera
Chega de castigo
Pois dessa manêra
Já mais num consigo
Mia vida priciosa
Já corre pirigo
É qui daqui a pôco
Garanto qui ancê
Num vai tê mais nada
De mim pra batê
Cabeça mais dura
Qui bôca de sino
Assunta um instante
Inda só um minino
Pobre e ritirante
De corpo franzino
Qui sangra e qui dói
Sô um nordestino
Mia mãe é um hino
Meu pai um herói
Teu nome é violença
Já intendo, já sei
Qui tua veança
Vem dos tempo do Rei
Vestida com o manto
De noiva da Lei
Tu mata o Santo
A mando do Rei
Tu faiz a vingança
Em nome da Lei
Tu mata a criança
A mando do Rei
Da virge formosa
De fulô no sei
Tu ismaga as rosa
Com os ferro da Lei
De açoite e chibata
Em nome da Lei
Agora me mata
Já lhe perdoei
É ua regra de ôro
Êsse é meu tisôro
Que derna deu minino
Nos peito guardei
Feito um trancilin
Do ôro mais fino
De prata um minino
Um fio nasci!
Num guenta mais nada
Meu corpo lascado
De tanta pancada
De tanto apanhá
Num resta u’a esperança
Nem qui fugidia
No fim do meu dia
Nem um sonho a imbalá
U’a porta u’a promessa
U’a vereda cumprida
Um fanal u’a tocha
A luz de u’a istrêla
U’a cancela u’a saída
Um refúgio u’a rocha
Um fiapo de vida
Já num sô mais nada
Nem tô mais aqui!
Num vejo mais nada
Nessa escuridão
De sangue qui lava
O meu coração
Nessa madrugada
Num tô mas aqui
Meu anjo me leva
Siguro na mão
Meu anjo me leva
Prus meus Ariri
Vêjo todas coisa
Nua prucissão
Nua estrada qui aperta
O meu coração
Qui é prosionêro
De tudo qui foi
Oh cancela aberta
Num ranja mim dói
De tudo qui alembra
De tudo qui foi
Ó lá o juazêro
Qui tem preisionêro
Drumino na sombra
O carro-de-boi
Lagoa sangrada dos meu Ariri
Nessa madrugada num tô mais aqui
Tó mais Dejanira na Lua minguada
Brincano nas coroa de área do ri
Já num sô mais nada nem lá nem aqui
Numa trupelada as coisa mim vem
São coisas sagrada derradêro bem
Já vejo a casinha, o chiquêro, a criação
Fulô na Lapinha de vovô Damião
A serra, os oi d’água, a vazante da Junça
O gado pastano, o graúdo, a miunça
Oh morte mim dispensa
Meu pai no terrêro, maguada lembrança
E no canto daquela sala na jinela
Do canto da sala
Calada e donzela
Mia mãe
Tão moça e tão bela
E eu
Qui nunca mais vi ela
Morrê feit’um cadelo assim
Oh Deus
Meu grande Elohim
Receba a alma
Que deste a mim