Levanto meus olhos Pela terra seca Só vejo a tristeza Que desolação Uma ossada branca Fulorando o chão
E o passo-Rei, rei do manjar Deu bença à Morte pra avisar Pra os urubus de outros lugá Que vissem logo pro jantar Do Rei do Fogo e do luar
Do luar sizudo Do Rio Gavião Mais o sol malvado Quemô os imbuzêro Os bode e os carneros Toda a criação Tudo o sol queimou
É que tão as era Já muito alcançada A palavra veia Reza que haverá De chegar um tempo Só de perdedera
Que só haverá de escapar Burro criolo e criação Que pra cumê levanta as mão E que um irmão pra outro irmão Saudava que essa pregação
Lembra que a morte Te espera meu irmão E o sol da má sorte Rei da tribusana Poupou sussarana Carcará ladrão Isso o sol poupou!
Mas não há de ser nada Na função das bestas Prurriba da festa Perigrina a fé Sei que ainda resta Cururu-tetê
Na minha casa há um silenço A tuia pura e o surrão penso O meu cachorro amigo imenso Deitou no chão ficou em silêncio E nunca mais se alevantou
Inté os olhos d'água Chorou que secou E o sol dessas mágua Quemou os imbuzero Os bode e os carnêro Toda a criação Tudo o sol queimou No Rio Gavião Tudo o sol quemou Toda a criação