1. 1

    Xirú Antunes - Oração do Ginete

  2. 2

    Xirú Antunes - Ponchito

  3. 3

    Xirú Antunes - Bem querer

  4. 4

    Xirú Antunes - Casta

  5. 5

    Xirú Antunes - Cismado

  6. 6

    Xirú Antunes - Cunumi

  7. 7

    Xirú Antunes - Décima Da Estância

  8. 8

    Xirú Antunes - Milonga de pelo largo

  9. 9

    Xirú Antunes - O Avesso do Couro

  10. 10

    Xirú Antunes - Romance de Estrada

  11. 11

    Xirú Antunes - Sou

  12. 12

    Xirú Antunes - Vila Morena

Décima Da Estância

Xirú Antunes

Um resto de madrugada um peleguito e o sogueiro
Patrício um negro antigo reponta os gateado oveiro
Vai rebenqueando sua sorte assobiando uma coplita
Soluça um vento do norte na macega umedecida
E um par de perro colera fareja lebre escondida

A mão troca a gajeta por alça de Paissandu
E os ganchos de pitangueira se despedem dos couros crus
Um gateado negaceia bem na porta do galpão
Do couro de uma novilha pendurado no oitão
Da uns bufido e se acomoda tranqueando qual redomão

Um ajeita os pelego o outro ata um bocal
Um resmunga com o peçuelo o outro engraxa o buçal
Esporas e garroneiras criolina em cano de bota
O feitiço das maneias os laços a bate cola
Perfil de estância e fronteira no rubro matiz da aurora

E se vão irmãos do vento com a alma galponeira
Lhes gusta o tranco da vida ao estilo da fronteira
Por pelo duro que são tapeiam bem o chapéu
Navegam em barco crioulo quase bem perto do céu
Renascendo a cada dia nas madrugadas de Deus

Aos olhos mansos de maio revisam no mais o outono
Os que vivem de a cavalo e os mandamentos crioulos
A sombra de um cinamomo serve um mate pra os domingos
Algum jujo é um consolo se o coração tem basteira
E a flor do campo é um regalo que a querência alcança aos filhos

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