1. 1

    Xangai - Abc do Preguiçoso

  2. 2

    Xangai - Ai D'eu Sodade

  3. 3

    Xangai - Matança

  4. 4

    Xangai - Nois é Jeca Mais é Joia

  5. 5

    Xangai - Meninos

  6. 6

    Xangai - Curvas do Rio

  7. 7

    Xangai - Estampas Eucalol

  8. 8

    Xangai - Ei Flor (Dodói)

  9. 9

    Xangai - O Bolero de Isabel

  10. 10

    Xangai - Kukukaya

  11. 11

    Xangai - Desafio

  12. 12

    Xangai - Natureza

  13. 13

    Xangai - Rosa Baiana

  14. 14

    Xangai - Quem Casou, Casou!

  15. 15

    Xangai - O Pidido

  16. 16

    Xangai - A Função

  17. 17

    Xangai - Corisco e Dadá

  18. 18

    Xangai - Fábula Ferida

  19. 19

    Xangai - Galope À Beira-mar Soletrado

  20. 20

    Xangai - Gírias do Norte

  21. 21

    Xangai - Jundiá

  22. 22

    Xangai - Luz Dourada

  23. 23

    Xangai - Se Correr o Bicho Pega

  24. 24

    Xangai - Violêro

  25. 25

    Xangai - A Pergunta

  26. 26

    Xangai - Alvoroço

  27. 27

    Xangai - Brincadeira Na Fogueira

  28. 28

    Xangai - Canção Primeira

  29. 29

    Xangai - Caso Você Case

  30. 30

    Xangai - Catingueira

  31. 31

    Xangai - Coco Sincopado

  32. 32

    Xangai - Mutirão da Vida

  33. 33

    Xangai - O Rapto de Juana do Tarugo

  34. 34

    Xangai - O Samba do Jurema

  35. 35

    Xangai - O Sapo No Saco

  36. 36

    Xangai - Trabalhadores do Metrô

  37. 37

    Xangai - Vida no Campo

  38. 38

    Xangai - A Meu Deus Um Canto Novo

  39. 39

    Xangai - Acontecivento

  40. 40

    Xangai - Água

  41. 41

    Xangai - Ave de Prata

  42. 42

    Xangai - Brasil x Portugal

  43. 43

    Xangai - Cantiga de Amigo (part. Vital Faria, Geraldo Azevedo e Elomar)

  44. 44

    Xangai - Cantoria do Galo

  45. 45

    Xangai - Dassanta

  46. 46

    Xangai - Desafio do Auto da Catingeira

  47. 47

    Xangai - Djaniras

  48. 48

    Xangai - Esquindó de Zombaria

  49. 49

    Xangai - Forró Na Gafieira

  50. 50

    Xangai - História de Vaqueiros

  51. 51

    Xangai - Imbuzeiro dos Duendes

  52. 52

    Xangai - Lugar Seguro

  53. 53

    Xangai - Na Estrada Das Areias de Ouro

  54. 54

    Xangai - Não É Brincadeira

  55. 55

    Xangai - O Menino e Os Carneiros

  56. 56

    Xangai - Os Carneirinhos

  57. 57

    Xangai - Pequenina

  58. 58

    Xangai - Pés de Milho

  59. 59

    Xangai - Poema do Livro "Carne e Alma"

  60. 60

    Xangai - Qué Qui Tu Tem Canário?

  61. 61

    Xangai - Receita de Mulher

  62. 62

    Xangai - Rei do Sertão

  63. 63

    Xangai - Venenoso Segredo

  64. 64

    Xangai - Ai Que Saudade de São João

  65. 65

    Xangai - Alagados

  66. 66

    Xangai - Ana Raio

  67. 67

    Xangai - Bahia de Calça Curta

  68. 68

    Xangai - Balanço da Sereia

  69. 69

    Xangai - Beijo Morte Beijo

  70. 70

    Xangai - Buchada com Aruá

  71. 71

    Xangai - Cantada

  72. 72

    Xangai - Chegando

  73. 73

    Xangai - Clariô

  74. 74

    Xangai - De Quinze Pra Trás

  75. 75

    Xangai - De Santana

  76. 76

    Xangai - Desatando Nó

  77. 77

    Xangai - Dispensar

  78. 78

    Xangai - Dos Labutos (2º Canto do Auto da Catingueira)

  79. 79

    Xangai - El Carretero

  80. 80

    Xangai - Ele Disse

  81. 81

    Xangai - Fé na Santa Sagrada Escritura

  82. 82

    Xangai - Filomena e Fedegoso

  83. 83

    Xangai - Florzinha

  84. 84

    Xangai - Forró de Surubin

  85. 85

    Xangai - Gabriela

  86. 86

    Xangai - Gago Grego

  87. 87

    Xangai - Incelença Pro Amor Retirante

  88. 88

    Xangai - Menino Gaiteiro

  89. 89

    Xangai - Meu Cariri

  90. 90

    Xangai - Meus Pecados Prediletos

  91. 91

    Xangai - Miragem do Porto

  92. 92

    Xangai - Mistura

  93. 93

    Xangai - Muqueca de Cágado

  94. 94

    Xangai - Não Rio Mais

  95. 95

    Xangai - O Pulo do Gato

  96. 96

    Xangai - O Quintal de Consuelo

  97. 97

    Xangai - Paraíba

  98. 98

    Xangai - Pela Luz Dos Dias

  99. 99

    Xangai - Pisa Manero

  100. 100

    Xangai - Puluxia Das Sete Portas

  101. 101

    Xangai - Puluxia Estradeira

  102. 102

    Xangai - Punhos da Serpente

  103. 103

    Xangai - Qué Qui Tu Tem Canário

  104. 104

    Xangai - Reunião de Tristeza

  105. 105

    Xangai - Roendo Unha

  106. 106

    Xangai - Saudade Senhora Dona

  107. 107

    Xangai - Serra da Borborena

  108. 108

    Xangai - Suíte Doce Jabuticaba

  109. 109

    Xangai - Tirana do Vaqueiro Antenoro

  110. 110

    Xangai - Tudo Aquilo Que Flutua Feito Vaca, Com Cabeça, Rabo e Refrão

  111. 111

    Xangai - Utopia

  112. 112

    Xangai - Vou de Tutano

  113. 113

    Xangai - Xodó de Motorista

  114. 114

    Xangai - Xote Maria

Desafio

Xangai

Senhores donos da casa, o cantadô pede licença
Pra puxar viola rasa, aqui na vossa presença
Venho das banda do norte
Cum pirmissão da sentença
Cumpri minha sina forte
Já por muitos con'icida
Buscando a I'lusão da vida
Ou o cutelo da morte
E das duas a prifirida
Há que me mandar a sorte

Já que nunciei quem sou
Deixo meu convite feito
Pra qualqué dos cantadô
Dos que se dá por respeito
Que aqui por acaso teja
Nessa função de alegria
E pra que todos me veja
Puxo alto a cantoria
Cum-essa viola de peleja
Que quando n'mata-aleja cantadô de arrelia

Só na escada de uma igreja
Labutei quantos u'dia
Si morreram de inveja
Três de avexo e de agonia
Matei os bicho do-note
Que já me deu três mulé
É a história de um caçote
Um quati e um saqué
O caçote com o pote
Com u'outro coati, um café
Em antes ofereceu o lote
Num saco pro saqué
O saqué secou o pote
Deixou o quati só com a fé
De que dentro do tal pote
Inda tinha algum café
Isso exposta manda um xote
No xavido do saque
Que quati ca-dica a sorte
Bato o bico e boto o bote
O que é que o saqué quer?

Em antes porém aviso
Sô malvado, não aliso
Triste ou feliz é o cantadô
Queu-apanhar pra dar o castigo
A'pois quem canta comigo
Sai defunto ou sai dotô

Sinhô cantador chegante, me adesculpe o tratamento
Nessa hora nesse instante, mermo aqui nesse momento
Com um canto tão significante
Sem fama sem atrevimento
Num duelo de falante
Venho de muito conhecimento
Mas pra títulos e valentia
Só traz u'a viola na mão
Falta ilustre companheiro
Marcar o lugar da porfia
Se lá fora no terreiro
Ou aqui mémo no salão

Vamo logo mano à obra
Deixe as bestas de lado
Que a luma já fez manobra
No seu canto alumiado
Vamo seguir-sois daqui
Vai deixando esturricar
As roda dos cantori-lírio
E que lhe é mais agradado
Se vamo cantar o moirão
O martelo ou a tirana
Ou a ligeira sussuarana
Parcela de mutirão
Ou entonce, ao invés
A obra de nove pés
De oito, sete, ou seis
Ou se dez pés, um quadrão
Vamo logo mano à obra
Deixe essas coisa de lado
Vamo cantar no salão
Dô mais riuna que a cobra
Que a cobra que traz o rabo encravado
Envenenado o ferrão

A'pois-sim, tá certo: Vamo
Cantá qualqué cantoria
Brinquei-lhe em minha acamo
Pra rodá a sabedoria
Vamo cantar, meu amigo
As moda que for chegando
Num córrem, mas sem perigo
Que tá sempre esp'ricando
P'esse povo que eu digo
Enducado me escutano
A'pois pra entender parcela
Martelac-ou-quitirando
Tem que bater mil cancela
Na estrada dos desengano
E ainda pú-rrico, ah, tem
Que saber, sofrer, esperar
Memo sabendo que não vêm
As coisa do se' sonhá
Na estrada dos desengano
Andei de noite e de dia
A'pois sim, tá certo: Vamo
Cantá qualqué cantoria

Na estrada dos desengano
Andei de noite e de dia
Inludido percurando
Aprendê o que num sabia
Quando eu era moço, um dia
Risolvi sair andando
Numa estrada da alegria
A alegria percurando
Curri doido, atrás dela
Entrou ano, saiu ano
Bati mais de mil cancela
Na estrada dos desengano
Bati mais de mil cancela
Na estrada dos desengano

Todo cantadô já arrentraro nos peito
D'uma-mazela-nas-alma-moribante-estrada: O som de
Cancela, ai
Todo cantadô já arrentraro nos peito
D'uma-mazela-nas-alma-moribante-estrada: O som de
Cancela, a
Ai, fonte que ficou distante
Que matava a sede-dela
E o coração mais discrente
Dos amor da catingueira
Ai o amor é uma serpente
Esse bicho morte a gente
Vamo'pois cantar pá cela
Va-e'-dá, da-e'-da

Eu sou cantador de cocô
Eu não canto a cela
Pa-cela feiticeira
Eu corro às legua dela, ah, ah
Chegando nu' lugar
Adonde tem janela
Eu vo' me esculpano
Me dano nas canela
Da-e'-da, da-I'-da, da-I'-na

Conheci um cantadô ossudo e valente
Que mandava aos homens o mal vezes crente
Mas um dia ele tocou nos batente d'u'a janela
E o bicho do amor mucambado e'u'a donzela
E o cantadô aos pouco foi se paixonan'o pu'ela
Té que um dia ficô louco de tanto cantar pa cela
E hoje velho pela estrada, resmungando que é culpada
Ferrucama da janela, da-e'-dá, dá-'e- ná
Eu sou cantadô de coco
A'pois quem canta pá cela
Corre o pisco são francisco
Corre enquanto canta-nela
Dá-e'-na
Dá - e' - ná
Tá-ín-a

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