Ouve a minh’alma um sepulcro
Um esquife ambulante
A boiar, sempre a boiar em alto mar
Com ar que nas pérolas águas
Andassem gemendo porque minhas mágoas
Fosse a minh’alma um navio de tremulas velas
Em meio as broselas
Das intempéries da vida o crisol
Erraria sem luz sem farol
Mas fosse a tua uma nave uma nuvem suave
Ao subir de Norte ou Sul em plena azul
Sem uma ilha isolada no meio das ondas
Na paz alvorada
E o meu peito quisera desfeito
Num porto de cais e quimera
E a âncora ia sem medo ao tufão
Na enseada do meu coração
Flor, as estrela, papel vem a mim
Vemos sulcar o horizonte sem fim
Vamos viver numa vida de amor
Como vivem a flor e o feliz beija-flor
Foste a vida afinal, vendo o amor para o amor
Nasce com sol, mas não nasce ao sol por
Oh alma estelar, a minh’alma é um altar
Sem iludir, sem gemer vem cantar
Cristo do amor em meus pactos
Na cruz e dos braços
Um dia eu sinto em mim que eu te perdi
Dá-me a minha feliz esperança
De ser enforcado na tua áurea trança
Oh Madalena tem pena de quem
Morre amando com alma serena
Subo ao calvário por ti, por ti só
Ai tem dó Madalena, tem dó
E se quiseres as fases nos braços, devassos
Pedias esta paixão ressureição
E lança em meu rosto este lenço
Cheiroso de rosa e sândalo incenso
Nele não fez ao teu gosto
Verás a minh’alma ao invés do meu rosto
E na Verônica d’alma e de cor
Meu amor, não amor
Meu amor