Constelações, que fulgurais
Iluminai as minhas lágrimas finais
Carbonizai meu coração
Para domar e sufocar
E exterminar essa paixão
Oh! Sol crestai, vento esfolhai
Das rosas d’alma as frias pétalas de gelo
A minha vida é um pesadelo
E o pesadelo uma visão
Que pouco a pouco vai roubando-me a razão
Só é feliz quem não se diz
Saber libar os flébeis beijos do luar
Alma sem luz, vinde sonhar
Ao terno som consolador
Das flautas mágicas do amor
Oh! Coração sem ilusões
Que inda bateis, mas não viveis, não tendes vida
Minh’alma é como uma ferida a gotejar sangue de luz
Como a do mártir que morreu pregado à cruz
Quando anoitece, a sombra desce
A voz da prece nos espíritos languesce
Fica a cismar meu pensamento
No firmamento que se fulge num momento
A fulgurar
Quando amanhece, o céu floresce
A loura messe das abelhas estremece
Fica a gemer meu coração, fica a sentir, a palpitar
Como o vulcão na tíbia luz crepuscular
Manhãs de abril, dai-me esta luz
Que ao sonho induz meu coração primaveril
Em ouro e anil se fulge o azul
Sobre o paul em que vivemos num monótono torpor
Como um clarim descanta em mim
Um serafim que marca o fim dos meus pesares
Nos vagalhões de etéreos mares hei de ser navegador
Para sulcar ou naufragar num mar de amor
Oh! Corações, como tufões
Passai, voai por sobre todas as paixões
Amai a luz, ó rosicler
Amai as flores, esquecei os vãos amores da mulher
Sois loucos pois, vós todos sois
As mariposas que se vão queimar na chama
Jesus tem pena de quem ama
Indulta amor que tudo quer
Ai! Quanta força tem o amor de uma mulher