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Vicente Celestino - Monólogo Da Música o Ébrio
- 2
Vicente Celestino - O Ébrio
- 3
Vicente Celestino - Ciúmes
- 4
Vicente Celestino - Para Sempre Adeus
- 5
Vicente Celestino - Cinzas no Coração
- 6
Vicente Celestino - Malandrinha
- 7
Vicente Celestino - Serenata
- 8
Vicente Celestino - Mãos Que Falam
- 9
Vicente Celestino - Boca de Rosa
- 10
Vicente Celestino - Rádioteatro Da Música
- 11
Vicente Celestino - Dileta
- 12
Vicente Celestino - Dileta (Ao Luar)
- 13
Vicente Celestino - Primeiro Amor
- 14
Vicente Celestino - Terra Virgem
- 15
Vicente Celestino - Não Adianta
- 16
Vicente Celestino - Versos A Um Anjo
- 17
Vicente Celestino - Tenho Saudades
- 18
Vicente Celestino - Aquarela do Brasil
- 19
Vicente Celestino - Prelúdio De Amor E Paz
- 20
Vicente Celestino - Fidelidade
- 21
Vicente Celestino - Sepulcro
- 22
Vicente Celestino - Triste Realidade
- 23
Vicente Celestino - Os Olhos Dela
- 24
Vicente Celestino - Ave Maria
- 25
Vicente Celestino - Hino À Proclamação
- 26
Vicente Celestino - Não Te Esqueças de Mim Que Te Amo Tanto
- 27
Vicente Celestino - O Sertanejo Enamorado
- 28
Vicente Celestino - Fim de Romance
- 29
Vicente Celestino - Patativa
- 30
Vicente Celestino - Passo A Minha Vida A Procurar
- 31
Vicente Celestino - Palma de Martírio
- 32
Vicente Celestino - Encontro De Vicente Celestino E Dalva De Oliveira
- 33
Vicente Celestino - Ouvindo-te
- 34
Vicente Celestino - Mia Gioconda
- 35
Vicente Celestino - Alma de Palhaço
- 36
Vicente Celestino - Linda Flor
- 37
Vicente Celestino - Calvário
- 38
Vicente Celestino - Saudade
- 39
Vicente Celestino - Constelação
- 40
Vicente Celestino - Hino Ao Sol
- 41
Vicente Celestino - Serenata
- 42
Vicente Celestino - Lua Branca
- 43
Vicente Celestino - Ser ou Não Ser
- 44
Vicente Celestino - Ciúmes
- 45
Vicente Celestino - Madona
- 46
Vicente Celestino - Rasga o coração
- 47
Vicente Celestino - Meu Brasil
- 48
Vicente Celestino - Cinzas no Coração
- 49
Vicente Celestino - Ao Telefone Contigo
- 50
Vicente Celestino - A Minha Alma Se Ressente
- 51
Vicente Celestino - Artista
- 52
Vicente Celestino - Viajante
O Ébrio
Vicente Celestino
Fui cantor
Ainda pequeno levaram-me para uma escola de canto
O meu nome, pouco a pouco, foi crescendo, crescendo
Até chegar aos píncaros da glória
Durante a minha trajetória artística tive vários amores
Todas elas juravam-me amor eterno
Mas acabavam fugindo com outros
Deixando-me a saudade e a dor
Uma noite, quando eu cantava a Tosca
Uma jovem da primeira fila atirou-me uma flor
Essa jovem veio a ser mais tarde a minha legítima esposa
Um dia, quando eu cantava A Força do Destino
Ela fugiu com outro, deixando-me uma carta, e na carta um adeus
Não pude mais cantar
Mais tarde, lembrei-me que ela, contudo
Me havia deixado um pedacinho de seu eu: A minha filha
Uma pequenina boneca de carne que eu tinha o dever de educar
Voltei novamente a cantar mas só por amor à minha filha
Eduquei-a, fez-se moça, bonita
E uma noite, quando eu cantava ainda mais uma vez A Força do Destino
Deus levou a minha filha para nunca mais voltar
Daí pra cá eu fui caindo, caindo
Passando dos teatros de alta categoria para os de mais baixa
Até que acabei por levar uma vaia cantando em pleno picadeiro de um circo
Nunca mais fui nada
Nada, não!
Hoje, porque bebo a fim de esquecer a minha desventura, chamam-me ébrio
Ébrio
Tornei-me um ébrio na bebida, busco esquecer
Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou
Só nas tabernas é que encontro meu abrigo
Cada colega de infortúnio é um grande amigo
Que embora tenham, como eu, seus sofrimentos
Me aconselham e aliviam os meus tormentos
Já fui feliz e recebido com nobreza até
Nadava em ouro e tinha alcova de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé
E nos parentes... Confiava, sim!
E hoje ao ver-me na miséria, tudo vejo então
O falso lar que amava e que a chorar deixei
Cada parente, cada amigo, era um ladrão
Me abandonaram e roubaram o que amei
Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar
Quando eu morrer, à minha campa nenhuma inscrição
Deixai que os vermes pouco a pouco venham terminar
Este ébrio triste, este triste coração
Quero somente que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos como eu venham depositar
Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas de dor ao peito amigo