Dembwa (10 de Agosto)

Tiganá Santana

Dembwa é o cajado de Lemba
Dembwa é nkindu ia ngeemba
Dembwa é o rei aos pés do malembe
Milho branco e saia de renda

Menino caminha pra sonhar
Dona Terezinha é o chorar
Seu Zezinho de Aninha é o chegar
10 de agosto é dia de mudar

Dembwa é o ofício de abrir os braços
Quando não há quem se abraçar
Dembwa é o pescador esquecendo os laços
Nas águas que vão além do mar
Dembwa é muita terra pra poucos passos
E muito perdão pra levar
Dembwa é Zambi tendo que esperar

O tempo pediu pra folha dançar
Pra folha dançar e nunca parar
E sempre curar o dia

O tempo é o mundo todo
E é o sangue da mulher
Lá em cima o meu povo
E acima dele o Candomblé

Vai levantar, vai levantar, vai levantar
Vai levantar até aquele que morre logo
Por morar em sua fé

Vai derrubar, vai derrubar, vai derrubar
Vai derrubar até a vida mais colorida
E o argumento de quem bem quiser

Dembwa é o cajado de Lemba

Para o ato de caçar, Dembwa precisa cantar
Vento que nos perfurar, Dembwa precisa cantar
Rio que cicatrizar, Dembwa precisa cantar
Pro Guerreiro nos guardar, Dembwa é o lugar de guardar

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