Eu vou jogar um tango Na sua cara de bolero comedido No seu nariz de rock’n’roll arrependido No seu olhar de samba-reggae industrial
Vou esfregar um tango No seu jeitinho serenata de encomenda No seu estilo hip-hop da fazenda No seu appeal de rap instrumental
E o meu tango imprimirá marcas e arranhos indeléveis Nesse seu quê de carimbo de Hollywood Nesse seu ar de bossa nova do sertão E o meu tango incrustará largas e profundas cicatrizes No seu sorriso de ciranda pau-no-gato No seu império pop liquidação
Eu vou jogar um tango Na sua cara de bolero comedido No seu nariz de rock’n’roll arrependido No seu molejo de merengue japonês No seu balanço de reggae-roots burguês Nesse seu blues sem álcool, nem solidão Nesse seu samba sem luar, sem violão