O Mundo ao Norte
De novo, de novo e de novo
Ó, hm
Uma viagem pro Marrocos
Sonhos tão conhecidos, quase toco
Parece meu bairro
O tempo que passo é pra dizer que volto
Ainda há um de nós preso?
Então, ninguém daqui foi solto, pô
Mas se é cada qual com a sua bandeira
Em cada ombro, uma bandoleira
Programado pra viver em trincheiras
Terreno de mente fértil, especialista em levantar poeira
Quem ainda sente o balançar do barco, mas não tem vez pro fraco
Se vem gingando, dança capoeira
Dinheiro nenhum vai comprar o que a rua ensina
Mas péssimos alunos só pensam em encher carteiras
E essa é minha função: Não cometer o erro dos outros
Ouço, quase não falo e acordo com olheiras
Um novo dia, o velho Sol dá a última forma
Aproveito a chance como se fosse a primeira
(Sant)
O monstro que invisibilizam, não se sensibilizam
Lembram quando precisam
Faço a base chorar igual carga na mão dos cria
É o final feliz, um rolé com nós te assustaria, pô
Ninguém de exemplo além do espelho
Na mira desse infravermelho
Negro tipo atitude punk
De costume, curtindo um funk
Pega a visão e não conselho
Que o que será, será
Enquanto existir Deus no céu, vou te considerar
Porque sozinho eu não teria um caminho a trilhar
E ostentação é compartilhar
Certo como quem diz que vai chover em março
Talentoso, eu sei fazer valer o esforço
Talvez não queiram ver maior
Mas acho que posso melhorar sempre com você, né?
Linhas, que pro destino, é só um esboço
Deixa eu te mostrar outra abordagem
Conheci um judeu que me deve uma porcentagem
E um Escalade na garagem
Mas hoje o que eu quero é distância de quem não aprende
Quem se esconde da luta, a frustração surpreende
Aqui tu não vende sonhos
Não me proponha planos
Não minta sobre as perdas
Não manipule os ganhos
Nunca diga que é dono por ser parte de algo
A arte imita a vida, mas saiba, nem todo lugar é um palco
Bando de rapper falso que se dói porque é falso
Eu sei que vocês são falsos pelo aperto de mão, falso ainda chama de irmão
Falso só por atenção, como pode ser tão falso
Puxa o fundamento e fura esse peito de aço
A rua tem seus mandamentos e eu piso firme descalço
Tu sabe o que é não ter e ter que ter pra dar?
Responsa de prover é se provar
Até se convencer que impossível é perspectiva
No trem do Ramal Japeri encontrei Basquiat
E acho que é assim que a esperança nasce: Coletiva
Entre as múltiplas escolhas e a falta de alternativa
E pelo barulho do águia, já é manhã no subúrbio
É o carro do ferro velho, o caminhão da Comlurb
São símbolos da área, um caveirão no contorno
Esgoto a céu aberto igual sorriso no rosto
É uma zona de contradição, conflito e conforto
Mais um parente morto num confronto