Cabocla Tereza

Rolando Boldrin

"Lá no alto da montanha
Numa casa bem estranha
Toda feita de sapé
Parei uma noite o cavalo
Pra mode dois estalos
Que ouvi lá dentro bate
Apiei com muito jeito
Ouvi um gemido perfeito
E uma voz cheia de dor
Cansei a Tereza descansa
Jurei de fazer vingança
Pra mode de nosso amor
Pela restia da janela
Por uma luzinha amarela
De um lampião apagando
Eu vi uma cabocla no chão
E o cabra tinha na mão
Uma arma lumiando

Tirei meu cavalo a galope
Risquei de espora e chicote
Sangrei anca do tar
Desci montanha abaixo
Galopeando meu macho
Seu doutor fui chamar
Vortemo lá pra montanha
Naquela casinha estranha
Eu e mais seu doutor
Topemo um cabra assustado
Que chamando nóis pro lado
A sua istória contou"

A tempos fiz um ranchinho
Pra minha cabocla morar
Pois era ali nosso ninho
Bem longe deste lugar

No alto lá da montanha
Perto da luz do luar
Vivi um ano feliz
Sem nunca isto esperar

E muito tempo passou
Pensando ser tão feliz
Mas a Tereza doutor
Felicidade não quis

O meu sonho neste olhar
Paguei para o meu amor
Pra mode outro caboclo
Meu rancho el´bandonou

Senti meu sangue ferver
Jurei a Tereza matar
O meu alazão arriei
E ela eu fui procurar

Agora já me vinguei
É esse o fim do amor
Essa cabocla eu matei
É minha istória doutor

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