Serenata da Saudade
Raphel Rabello e Paulo César Pinheiro
A lua
Em desvario
Acorda a solidão
Em mim
Se ouve na rua
Um assovio
Um resto de canção
Que não tem fim
Ao longe em serenata
Um triste som de um violão
Como um punhal de prata
Que me rasga o coração
E eu sofro lentamente
O fim de uma ilusão
Um grande amor ausente
A dor de uma paixão
E em minha face o pranto corre
Enquanto a noite cai
E um vento frio
Aumenta essa aflição
Em mim
E a lua vai
Criando-me um vazio
E um grande turbilhão
Que não tem fim
Perdido na distância
Ecoa o grave de um bordão
E a estranha ressonância
Me perturba de emoção
E eu sigo na torrente
E eu vou sem direção
Em busca tão somente
De consolação
E vai-se a noite embora
E a madrugada agora sai
Apaga-se um vazio
Em cada lampião
Estingui-se o assovio
Cala-se o violão
É tudo tão tardio
Pro meu coração
A aurora ascende a estrada
E madrugada já se esvai
Em cada noite afora
Essa procura é mais em vão
Estão em cada aurora
Mais vazias minhas mãos
Na hora da partida
Eu vejo o sol nascer
E deixo a minha vida
Em cada amanhecer
Na ronda da cidade
Devo então permanecer
Ou inda mato essa saudade
Ou de saudade eu vou morrer