Se tá frio e tem lenha, acende
Se tá quente, então não apaga
Se o sistema de som é potente
Então pode aumentar, não estraga
A moral na quebrada não vende
Sinto muito, sua grana não paga
Tamo atrás, também tamo à frente
É sequência de teile e zaga
Boto fé na justiça de Xangô
Não foi Eva que comeu a maçã
A quebrada é ouro, Oxum
A quebrada é Cyclone, Iansã
Juliet na cara, combo no balde
Não se assuste com o meu clã
Os muleque é ruim, mas não é do mal
É tipo Exu, não é Satan
Palcos, estúdios e filmes
Eu sou o preto dos cisnes
Não quer pagar, então diz-me
Deixa eu fazer os meus business
Fluxo é o lazer
Onde a quebrada se une
Autoridade, tá com ciúme, ó
Pega na mão e assume
Realidade, arte no ralo
Expectativa, arte no povo
Onde se destaca teatro com faca
Sinceramente, não me comovo
É tudo nosso e nada deles
Depois de nós, é nós de novo
Tem paredão, e o som no talo
Vem cantar de galo, eu digo: Meu ovo
Sou projeto de um grande letrista
Eu não tô na lista do artista letrado
Matemática nunca fui bom
Mas eu posso dizer que eu sou barril dobrado
Os tambores com o corpo redondo
Dois na cabeça, preto ao quadrado
Multiplico dinheiro e orgulho
É tão rotineiro um preto enquadrado
Ponta de Lança, Ogum
Groove balança bumbum
Os bico caçando assun
Tô bem de boa com o meu rum
Tu-tu-tu tudo vida loka
Não-não-não para vida mansa
Nem vem, nem vem metendo o loco
Tô mete, tô mete, tô metendo dança
Eles querem dividir o país
Olha o rumo dessa ventania
SP, mas eu sou Nordeste, Norte
Dupla cidadania
Música, minha companhia
Muito amor pela boemia
Fodo com o rap, o funk, o pagodão
Vivo na poligamia
Devagar, devagarin
Cês pode me elogiar
Cidade cinza e o verdin
É papos de ecologia
Tem África no meu sangue
Evite a hemorragia
Mestre Moa, descanse em paz
Eu vim pra te homenagear
Segurei, firmei, duvidei
Não diga que eu cismei
Falaram que a vida tá ruim
Porque nas férias não foram pra Disney
Rainha e também rei
Tudo pretão, não era um cosplay
Pro alto ele cuspiu
O pior que sua testa não limpei
Choquei quando entrei
Racista, dá licença, me assista
No giro nós curte, bolsa da Gucci
Vai dizer que eu sou bolsista
Valor da fatura, eu não vi
Curioso porque paguei à vista
Colei no axé, tomei um passe
Hoje eu tenho um encontro com a passista
Sempre solto, faço eles se amarrarem
A milhão que nem Ferrari, McLaren
Esse é o mundo Manicongo, não reparem
Faço luta e faço bundas balançarem
Mandela, Mandela, Mandela
Em todos sentidos é tão necessário
O amor da quebrada saindo pro mundo
O ódio da elite saindo do armário
Nós vai pro sumário, vivo da noite
O Sol não nasceu, não deu meu horário
Trocando farpa, juntando carpa
O bolso da calça parece um aquário
Peguei minha carteira, pra rua, eu fui
Notas e notas e notas, eu pus
Não queira trombar o cara de preto
Com foice na mão, portando capuz
As mina com a mão no paredão
Não é um enquadro, farda, colete
Dando sarrada só com permissão
Trago verdades nesse bilhete, waaw!
Sarrar, bailão (sarrar, bailão, mete dança)
Sempre no respeito e na disciplina (sarrar, bailão, mete dança)
Rincon Sapiência conhecido também como Manicongo, certo?
Mantendo a tradição (sarrar, bailão, mete dança)
Vambora
(Waaw)