A noite vestiu-se de Lua e remanso
Estrela cadente tão perto de mim
Seu brilho de prata, luziu na floresta
Pareceu que era dia
Os bichos na mata, inquietos dormiam
O pajé assustado, acordou toda a tribo
Sonhou com o Tupã e dançou para Ele
Na beira do rio, na beira do rio!
Na noite alta
Na noite alta!
Na beira do rio!
Vieram os índios, com as suas lanças
E as zarabatanas apontadas pro céu
Pintados pra guerra, ficaram à espera
Do amanhecer
O silêncio da noite, transcendeu a razão
E mãos espalmadas na escuridão
Pediam coragem ao Senhor da Floresta
Que a tudo previu, que a tudo previu!
Na noite alta
Na noite alta!
Que a tudo previu!
Um canto caboclo, ecoou rio abaixo
Acho até que cantavam pra quem vinha do céu
Era tanto cauim ao redor da fogueira
Que nem perceberam
Foi um bando de garças, que anunciou a presença
Da luz que pousava sobre o espelho do rio
No alarido das aves, o sacrifício das árvores
Estava por um fio, estava por um fio!
Na noite alta
Na noite alta!
Estava por um fio!
Rondava o dia, quando os homens chegaram
Armados de gana e de moto serras
Derrubando a floresta, expulsando da terra
Quem nela nasceu
Tantas copas tombadas, tanto verde caído
Tanta roça queimada, vingada de milho
Alma e terra arrasada, mata virgem serrada
Foi só o que se viu!
E quem viu, também ouviu: - madeira!