Terra Brasilis, continente
Pátria mãe da minha gente
Hoje eu quero perguntar
Se tão grandes são teus braços
Por que negas um espaço
Aos que querem ter um lar?
Eu não consigo entender
Que nesta imensa nação
Ainda é matar ou morrer
Por um pedaço de chão
Lavradores nas estradas
Vendo a terra abandonada
Sem ninguém para plantar
Entre cercas e alambrados
Vão milhões de condenados
A morrer ou mendigar
Eu não consigo entender
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter
E ainda se diz bom cristão
No Eldorado do Pará
Nome índio Carajás
O massacre aconteceu
Nesta terra de chacinas
Essas balas assassinas
Todos sabem de onde vêm
É preciso que a justiça e a igualdade
Sejam mais que palavras de ocasião
É preciso um novo tempo
Em que não seja só promessa
Repartir até o pão
(A hora é essa de fazer a divisão)
Eu não consigo entender
Que em vez de herdar um quinhão
Teu povo mereça ter
Só sete palmos de chão
Nova leva de imigrantes
Procissão dos retirantes
Só a terra em cada olhar
Brasileiros, feito nós
Vão gritando, mas sem voz
Norte a Sul não tem lugar
Eu não consigo entender
Que nessa imensa nação
Ainda é matar ou morrer
Por um pedaço de chão
Pátria amada do Brasil
De quem és, ó mãe gentil
Eu insisto em perguntar
Dos famintos, das favelas
Ou dos que desviam verbas
Pra champagne e caviar?
Eu não consigo entender
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter
E ainda se diz bom cristão