Venho do topo da serra
Onde faz ninho o gavião
Num trote cortando o chão
De um corredor campo a fora
No tirrim das minhas esporas
Escuto uma melodia
Enquanto a estrela boieira
Assinala um novo dia
No bate casco do flete
Na charla de um assovio
Sigo viajando macio
Nas fofas lãs de carneiro
Que faço por travesseiro
Pra alguma mamota alçada
Enquanto os velhos assossegam
Nas rédeas da madrugada
Em muitas pendengas feias
Um bom rabo de tatu
Fazia acoca o xiru
Desses que só faz enredo
Cantava pro chinaredo
Pra arranjar um pouso na manha
Sovel curto não me enleia
E gato magro não me arranha
Se um dia eu deitar o toso
Bufando pra derrubar
Só raio pra me mata
Sei que de peste não morro
Sou queixo duro não corro
Só respeito à lei sagrada
Se Deus me tirar a vida
Faço da morte a sesteada