1. 1

    Noel Guarany - En El Rancho y La Cambicha

  2. 2

    Noel Guarany - Meu Rancho

  3. 3

    Noel Guarany - Milonga Das Três Bandeiras

  4. 4

    Noel Guarany - Romance do Petiço Mitay

  5. 5

    Noel Guarany - Bailanta da Siá Chinica

  6. 6

    Noel Guarany - Filosofia de Gaudério

  7. 7

    Noel Guarany - Índia Cruda

  8. 8

    Noel Guarany - Romance do Pala Velho

  9. 9

    Noel Guarany - Entre o Guaíba e o Uruguai

  10. 10

    Noel Guarany - Gaudério

  11. 11

    Noel Guarany - Rio de Los Pajaros

  12. 12

    Noel Guarany - Destino de Peão

  13. 13

    Noel Guarany - Eu e o Rio

  14. 14

    Noel Guarany - Milonga de Tres Banderas

  15. 15

    Noel Guarany - Costumes Missioneiros

  16. 16

    Noel Guarany - De Pulperias

  17. 17

    Noel Guarany - Bodoqueando

  18. 18

    Noel Guarany - Destino Missioneiro

  19. 19

    Noel Guarany - Lavadeira Do Uruguai

  20. 20

    Noel Guarany - Na Baixada do Manduca

  21. 21

    Noel Guarany - Pra Que Voltem Os Condores

  22. 22

    Noel Guarany - Precedência

  23. 23

    Noel Guarany - A Queixosa

  24. 24

    Noel Guarany - Aquele Zaino

  25. 25

    Noel Guarany - Boi Preto

  26. 26

    Noel Guarany - Chimarrita da Costureira

  27. 27

    Noel Guarany - Décima do Petiço Mitaí

  28. 28

    Noel Guarany - Décima do Potro Baio

  29. 29

    Noel Guarany - Presídio Municipal

  30. 30

    Noel Guarany - Querência

  31. 31

    Noel Guarany - Rio Manso

  32. 32

    Noel Guarany - Chamarrita de Galpão

  33. 33

    Noel Guarany - Chamarrita Y Vichadero

  34. 34

    Noel Guarany - Meus Dois Amigos

  35. 35

    Noel Guarany - O Canto do Guri Campeiro

  36. 36

    Noel Guarany - Para El Que Mira Sin Ver

  37. 37

    Noel Guarany - Payador, Pampa e Guitarra

  38. 38

    Noel Guarany - Potro Sem Dono

  39. 39

    Noel Guarany - Recuerdos de Tapejara

  40. 40

    Noel Guarany - Balseiros do Rio Uruguay

  41. 41

    Noel Guarany - Bisneto de Farroupilha

  42. 42

    Noel Guarany - Canção do Peão Arrieiro

  43. 43

    Noel Guarany - Chimarrita sem Fronteira

  44. 44

    Noel Guarany - De Noite ao Tranquito

  45. 45

    Noel Guarany - Do Meu Mangrulho

  46. 46

    Noel Guarany - Don Gomercindo Saraiva

  47. 47

    Noel Guarany - Meu Quaray Mirim

  48. 48

    Noel Guarany - Milonga da Chuva

  49. 49

    Noel Guarany - Milonga Missioneira

  50. 50

    Noel Guarany - Versus

  51. 51

    Noel Guarany - À Genny Pakú

  52. 52

    Noel Guarany - Adeus Morena

  53. 53

    Noel Guarany - Aqui Me Pongo a Cantar

  54. 54

    Noel Guarany - Bochincho

  55. 55

    Noel Guarany - Canto Ao Payador Missioneiro

  56. 56

    Noel Guarany - Embretando

  57. 57

    Noel Guarany - La Tropilla

  58. 58

    Noel Guarany - Meu Rancho

  59. 59

    Noel Guarany - Missioneirita

  60. 60

    Noel Guarany - Payando

  61. 61

    Noel Guarany - Romance do Batará

  62. 62

    Noel Guarany - Total

  63. 63

    Noel Guarany - Tropeiro

  64. 64

    Noel Guarany - Versos (Versus)

  65. 65

    Noel Guarany - Volve, Volve

  66. 66

    Noel Guarany - Canto Para um Pescador Missioneiro

  67. 67

    Noel Guarany - Chairando

  68. 68

    Noel Guarany - Costeiro

  69. 69

    Noel Guarany - Defeito

  70. 70

    Noel Guarany - Fandango na Fronteira

  71. 71

    Noel Guarany - Lamento Missioneiro

  72. 72

    Noel Guarany - Los Ejes de Mi Carreta

  73. 73

    Noel Guarany - Maneco Queixo de Ferro

  74. 74

    Noel Guarany - Meus Dois Amigos

  75. 75

    Noel Guarany - Milonga do Moço Novo

  76. 76

    Noel Guarany - Nostalgia da Estância

  77. 77

    Noel Guarany - Sonho de Pescador

  78. 78

    Noel Guarany - Toada de Ronda

  79. 79

    Noel Guarany - Trago de Sombra

Bochincho

Noel Guarany

A um bochincho - certa feita
Fui chegando - de curioso
Que o vicio - é que nem sarnoso
Nunca pára - nem se ajeita
Baile de gente direita
Vi, de pronto, que não era
Na noite de primavera
Gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango
Que nem pinto por quireral

Atei meu zaino - longito
Num galho de guamirim
Desde guri fui assim
Não brinco nem facilito
Em bruxas não acredito
Pero - que las hay, las hay
Sou da costa do Uruguai
Meu velho pago querido
E por andar desprevenido
Há tanto guri sem pai

No rancho de santa-fé
De pau-a-pique barreado
Num trancão de convidado
Me entreverei no banzé
Chinaredo à bola-pé
No ambiente fumacento
Um candieiro, bem no centro
Num lusco-fusco de aurora
Pra quem chegava de fora
Pouco enxergava ali dentro!

Dei de mão numa tiangaça
Que me cruzou no costado
E já sai entreverado
Entre a poeira e a fumaça
Oigalé china lindaça
Morena de toda a crina
Dessas da venta brasina
Com cheiro de lechiguana
Que quando ergue uma pestana
Até a noite se ilumina

Misto de diaba e de santa
Com ares de quem é dona
E um gosto de temporona
Que traz água na garganta
Eu me grudei na percanta
O mesmo que um carrapato
E o gaiteiro era um mulato
Que até dormindo tocava
E a gaita choramingava
Como namoro de gato!

A gaita velha gemia
Ás vezes quase parava
De repente se acordava
E num vanerão se perdia
E eu - contra a pele macia
Daquele corpo moreno
Sentía o mundo pequeno
Bombeando cheio de enlevo
Dois olhos - flores de trevo
Com respingos de sereno!

Más o que é bom se termina
- Cumpriu-se o velho ditado
Eu que dançava, embalado
Nos braços doces da china
Escutei - de relancina
Uma espécie de relincho
Era o dono do bochincho
Meio oitavado num canto
Que me olhava - com espanto
Mais sério do que um capincho!

E foi ele que se veio
Pois era dele a pinguancha
Bufando e abrindo cancha
Como dono de rodeio
Quis me partir pelo meio
Num talonaço de adaga
Que - se me pega - me estraga
Chegou levantar um cisco
Más não é a toa - chomisco!
Que sou de São Luiz Gonzaga!

Meio na curva do braço
Consegui tirar o talho
E quase que me atrapalho
Porque havia pouco espaço
Más senti o calor do aço
E o calor do aço arde
Me levantei - sem alarde
Por causa do desaforo
E soltei meu marca touro
Num medonho buenas-tarde!

Tenho visto coisa feia
Tenho visto judiaria
Más ainda hoje me arrepia
Lembrar aquela peleia
Talvez quem ouça - não creía
Más vi brotar no pescoço
Do índio do berro grosso
Como uma cinta vermelha
E desde o beiço até a orelha
Ficou relampeando o osso!

O índio era um índio touro
Más até touro se ajoelha
Cortado do beiço a orelha
Amontoou-se como um couro
E aquilo foi um estouro
Daqueles que dava medo
Espantou-se o chinaredo
E amigos - foi uma zoada
Parecía até uma eguada
Disparando num varzedo!

Não há quem pinte o retrato
Dum bochincho - quando estoura
Tinidos de adaga - espora
E gritos de desacato
Berros de quarenta e quatro
De cada canto da sala
E a velha gaita baguala
Num vanerão pacholento
Fazendo acompanhamento
Do turumbamba de bala!

É china que se escabela
Redemoinhando na porta
E chiru da guampa torta
Que vem direito à janela
Gritando - de toda guela
Num berreiro alucinante
Índio que não se garante
Vendo sangue - se apavora
E se manda - campo fora
Levando tudo por diante!

Sou crente na divindade
Morro quando Deus quiser
Más amigos - se eu disser
Até periga a verdade
Naquela barbaridade
De chinaredo fugindo
De grito e bala zunindo
O gaiteiro - alheio a tudo
Tocava um xote clinudo
Já quase meio dormindo!

E a coisa ia indo assim
Balanceei a situação
- Já quase sem munição
Todos atirando em mim
Qual ia ser o meu fim
Me dei conta - de repente
Não vou ficar pra semente
Más gosto de andar no mundo
Me esperavam na do fundo
Saí na Porta da frente

E dali ganhei o mato
Abaixo de tiroteio
E inda escutava o floreio
Da cordeona do mulato
E, pra encurtar o relato
Me bandeei pra o outro lado
Cruzei o Uruguai, a nado
Que o meu zaino era um capincho
E a história desse bochincho
Faz parte do meu passado!

E a china - essa pergunta me é feita
A cada vez que declamo
É uma coisa que reclamo
Porque não acho direita
Considero uma desfeita
Que compreender não consigo
Eu, no medonho perigo
Duma situação brasina
Todos perguntam da china
E ninguém se importa comigo!

E a china - eu nunca mais vi
No meu gauderiar andejo
Somente em sonhos a vejo
Em bárbaro frenesi
Talvez ande - por aí
No rodeio das alçadas
Ou - talvez - nas madrugadas
Seja uma estrela chirua
Dessas - que se banha nua
No espelho das aguadas!

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