Nasci de uma família pobre
E rodei pelo mundo procurando alguém
Que me dissesse o que fazer
E me desse uma chance de vencer
Um inimigo invisível que eu tinha
Cabeça e cauda de dragão
Os olhos do Alain Delon
De dia atrás de mim
De noite se escondia no porão
Ei!
Nasci de uma família nobre
E rodei pelo mundo procurando o bem
Mas sempre tinha um grilo
Sempre tinha um filho
Que não era de ninguém
Bebia todo o vinho do sermão
E achava até que não
Mas tudo bem, porém
Um dia aquele cara do porão
Cruzou no meu caminho
E veio perguntar: Qual é, hã?
Meu amigo, a felicidade move a fé
Por que ninguém quer dar
Ao povo uma colher?
Ei!
E, assim, virei apenas um
Virei a madrugada dentro do saloon
Comprei uma guitarra usada
Alguma namorada me passou batom
Durou um tempo, até foi bom
Mas quando eu disse que era o rei
Tirou o copo da minha mão
E me disse: Hey, hey?!
Meu amigo, não se desfaça com essa fama
Todo esse mundo do rock ‘n’ roll
É ruim de cama
Eles querem diversão e bolo
Eles querem tudo e mais um pouco
Eles querem Krig-há, Bandolo!
E champagne
Eles querem frases nos jornais
Eles querem parecer sinceros demais
Eles querem diversão e bolo
Eles querem te fazer de tolo
Eu também
Hein?!
Nasci de uma família podre
E rodei pelo mundo procurando o mal
Roubei a espada de São Jorge
E uma betoneira pra fazer mingau
De um inimigo invencível
Que eu tinha
O rosto embaixo do chapéu
Pensei que era um vizinho meu
Mas quando olhei na cara dele
Ele era eu
Hein?!
Nasci de uma família pobre
E continuo pobre, continuo igual
Mas já não ligo pra essa porra
A vida é uma gangorra
Funcionando mal
E sempre vai pintar alguém
Dizendo que é pro nosso bem
Que sabe um jeito diferente
De fazer neném
É!
Meu amigo, a felicidade é um ovo em pé
Por que ninguém quer dar ao povo
O que ele quer?