Não vou deixar de me lembrar a vida inteira
Daquela dona que encontrei na gafieira
Uma crioula que era mesmo uma beleza
Mal comparando, parecia uma princesa
Com um vestido de shantung desbotado
Todo enfeitado com pedaços de vidrilho
Um sapatinho mal pintado de doirado
E uma peruca feita de barba de milho
Eu lhe dirigi uma piada
Ela ficou zangada, me fez mal-criação
Sapecou-me um chute na canela
E o sapato dela ficou na minha mão
Só muito depois é que eu pensei e raciocinei
Quem podia ser aquela
Pois fiquem sabendo, minha gente
Que a neguinha saliente era minha Cinderela
Senhoras e senhores
Tenho a honra de lhes apresentar
Aquela a minha quem será?
Será a Dirce Machado, a pioneira das mulatas?
Não, senhoras e senhores, é a minha
A minha querida crioula Cinderela!
(Aplausos, assobios)
Não vou deixar de me lembrar a vida inteira
De uma dona que encontrei na gafieira
Uma crioula que era mesmo uma beleza
Mal comparando, parecia uma princesa
Com um vestido de shantung desbotado
Todo enfeitado com pedaços de vidrilho
Um sapatinho mal pintado de doirado
E uma peruca feita de barba de milho
Eu lhe dirigi uma piada
Ela ficou zangada, me fez mal-criação
Sapecou-me um chute na canela
E o sapato dela ficou na minha mão
Só muito depois é que eu pensei e raciocinei
Quem podia ser aquela
Pois fiquem sabendo, minha gente
Que a neguinha saliente era minha Cinderela