São tantas palavras que se calam
Tantos sentimentos que se travam
São tantas histórias que se apagam
Tantos sonhos não realizados
Mas um personagem está frustrado
No palco da vida, em um teatro
Recomeça do primeiro ato
Da primeira cena sem fracasso
Reflete um espelho, um sorriso, porém padece
Um herege, alguém que disfarça sem fé
Com prece, ajoelha, finge acreditar
Ator em cena contracena, com lágrimas falsas sobre um tema
Geme e chora, implora, perdeu a última hora
De dizer eu te amo pr'aquele que foi embora
No sepulcro só resta o julgamento além
Conviveu entre muitos, porém não conheceu ninguém
Que seja melhor do que ninguém, tudo se acaba
Depois do xeque-mate, o rei e o peão vão pra mesma caixa
O mundo é farsa, um verdadeiro curso de teatro
Senhoras e senhores eis um belo espetáculo
Na rua um demônio, em casa faz papel de santo
A sua felicidade é máscara que esconde o pranto
Longe da percepção de atentos olhos
Somente Deus vê seu interior cheio de ódio
Em cima do pódio, sem mérito, meros mortais
Heróis que fazem a guerra, vilões que fazem a paz
Vejo vários irmãos que, em ascensão, se corromperam
Suas maiores qualidades atraem maiores erros
Eu quero ver quem é que vai te proteger
Quando você der de cara com você
E com todo o perigo, eu quero ver, ver
Quando a verdade em sua porta bater
Estou indo cear com você
Só vai restar pra você se render
Diga-me se você tem coragem
De mostrar sua personalidade
Se tantas pessoas te aplaudem
Escondem suas falsas verdades
São tão falsas quanto suas frases
Diz que é herói, mas é covarde
Quer fazer o bem com suas maldades
É tão triste sua felicidade
Com eloquência, sustenta suas mentiras com falácia
Que belo discurso, tão vazio quanto sua alma
Uma fé fundamentada em suas próprias doutrinas
Usa o intelecto, atribui seu show à inspiração divina
Ai de vós semelhantes a sepulcros caiados
Belo por fora, mas por dentro é morto, sujo e macabro
Intitulando-se superior, opondo-se ao certo
Conheces tanto o caminho, mas pereces no deserto
Estéril, hálito seco, almeja um oásis
Cuidado, as aparências podem ser meras miragens
Os espelhos que temos no mundo se quebram, se partem
Somente a água da vida reflete a verdade
Quer saber quem é humilde? Dê dinheiro e bens
Quer saber quem serve a Deus? Tire tudo o que tens
Quer saber? Quem é irmão é só no fim da jornada
Vai ver que o junto e misturado
É como óleo e água
Mágoa, a ambição supera laços de sangue
Vejo assim Caim tramando o fim de seu semelhante
Vejo a paz, vejo o amor e a excessiva bondade
Mas vejo que tudo o que vejo é mera vaidade
Eu quero ver quem é que vai te proteger
Quando você der de cara com você
E com todo o perigo, eu quero ver, ver
Quando a verdade em sua porta bater
Estou indo cear com você
Só vai restar pra você se render
Ai de vós religiosos hipócritas
Vocês são semelhantes a sepulcros caiados
Que por fora parecem belos
Mas por dentro estão cheios de morte
Estão cheios de podridão e de toda a imundícia