Botoneira

Mauro Silva

Minha gaita de oito baixos
Resmunguenta mamangava
Resuscitava segredos
Que a noite lhe entregava

Tinha um sonido cadente
Mescla de sombra e de luz
Em ti me crucificava
Tal qual o Cristo na cruz

Minha cordeona terrunha
Trazia o pago em canção
Os causos lá do bolicho
Do velho Juca ramão

Nos dias de lida e gerva
No santo altar da mangueira
Até o vento parava
Pra te escutar botoneira

Tinha o fole florido
Com toques de primavera
E quando apresilhada
Se transformava em tapera
Em ti a vida renasce
Ao teu redor multiplica
A cada paisano que chega
Tornando a prosa mais rica

E assim vão se aquerenciando
No doce do teu afago
Ouvindo o som das canhadas
Com o silêncio do pago

Velha cordeona terrunha
Relicario de outros tempos
Te aperto junto ao peito
Com o mais puro sentimento

Longe de ti sou tristeza
Perto de ti, plenitude
Tempo a dentro seguimos
Até que o tempo nos mude

Minha gaita de oito baixo
Resmunguenta mamangava
Resuscitava segredos
Que a noite lhe entregava

Tinha o sonido cadente
Mescla de sombra e de luz
Te levarei em meus braços
Aos braços abertos da cruz

Tinha o
Fole florido
Com toques de primavera
E quando apresilhada
Se transformava em tapera

Em ti a vida renasce
Teu redor multiplica
A cada paisano que chega
Tornando a proza mais rica
E assim vão se aquerenciando
No doce do teu afago
Ouvindo o som das canhadas
Com o silêncio do pago

Tinha o fole florido
Com toques de primavera
E quando apresilhada
Se transformava em tapera
Em ti a vida renasce
Ao teu redor multiplica
A cada paisano que chega
Tornando a proza mais rica
E assim vão se aquerenciando
No doce do teu afago
Ouvindo o som das canhadas
Com o silêncio do pago!

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