Ela sempre me encontrava no caminho para o rio
Me esperando sempre ao pé de fruta-pão
Com seus pés sujos de terra, um vestido amarrotado
E a boneca sempre presa em sua mão
E eu nem olhava um pouco
Mas enquanto eu caminhava
Ela vinha imitando o meu andar
E eu até sorria às vezes
Quando ouvia alguém dizendo
Lá vão eles, lá vão juntos outra vez!
E a gente foi crescendo, dia a dia, lado a lado
Na pracinha sempre passeando a pé
Como o tempo foi passando
Ela foi se transformando
Eu um homem e ela já uma mulher
Quando a noite começava, em meu leito ela deitava
Até vir o Sol brilhando e sermos três
E a olhando assim dormindo, eu lembrava então sorrindo
Das palavras: Lá vão eles outra vez!
Hoje o mundo está mais velho, mudou o curso do rio
E nem mesmo está de pé o fruta-pão
E aos domingos vou andando da pracinha até o rio
Com uma nova garotinha pela mão
Isso faz o povo olhar, sorrir com ela me imitar
Igualzinho ao que a sua mãe já fez
Mas depressa vem saudade e eu me sinto tão sozinho
Quando dizem: Lá vão eles outra vez!