1. 1

    José Cid - Vem Viver a Vida, Amor

  2. 2

    José Cid - Vinte Anos

  3. 3

    José Cid - Cai neve em nova York

  4. 4

    José Cid - A Cabana Junto À Praia

  5. 5

    José Cid - Minha Música

  6. 6

    José Cid - Um Grande, Grande Amor

  7. 7

    José Cid - Amar Como Jesus Amou

  8. 8

    José Cid - O Fado de Nossa Senhora

  9. 9

    José Cid - A Pouco E Pouco (favas Com Chouriço)

  10. 10

    José Cid - Como o Macaco Gosta de Bananas

  11. 11

    José Cid - Mais Um Dia

  12. 12

    José Cid - A Lenda D'el Rei D. Sebastião

  13. 13

    José Cid - Ontem, Hoje E Amanhã

  14. 14

    José Cid - Morrer de Amor Por Ti

  15. 15

    José Cid - Portuguesa Bonita

  16. 16

    José Cid - Bem Me Quer, Mal Me Quer, Muito Pouco e Nada

  17. 17

    José Cid - Coração de Papelão

  18. 18

    José Cid - Fuga Para O Espaço

  19. 19

    José Cid - A Rosa Que Te Dei

  20. 20

    José Cid - Boa Noite Sr. Jazz

  21. 21

    José Cid - O Caos

  22. 22

    José Cid - Olinda Espanhola

  23. 23

    José Cid - Todas as Mulheres do Mundo

  24. 24

    José Cid - Topo de Gama

  25. 25

    José Cid - Verdes Trigais Em Flor

  26. 26

    José Cid - Amanhã de Manhã

  27. 27

    José Cid - Aqui Fica Uma Canção

  28. 28

    José Cid - Chamar a música

  29. 29

    José Cid - Favas Com Chouriço

  30. 30

    José Cid - Junto á Lareira

  31. 31

    José Cid - Morrer de Amor Por Ti

  32. 32

    José Cid - No Dia Em Que O Rei Fez Anos

  33. 33

    José Cid - O Melhor Tempo da Minha Vida

  34. 34

    José Cid - Onde, Quando, Como, Porque Cantamos Pessoas Vivas

  35. 35

    José Cid - Sonhador

  36. 36

    José Cid - Tocas Piano Como Quem Faz Amor

  37. 37

    José Cid - Balada para Dona Inês

  38. 38

    José Cid - Chamaram Me Poeta

  39. 39

    José Cid - Fandangueiro À Luz da Lua

  40. 40

    José Cid - O Cantor Da T.v

  41. 41

    José Cid - O Largo do Coreto

  42. 42

    José Cid - O Meu Piano

  43. 43

    José Cid - O Poeta, O Pintor E O Músico

  44. 44

    José Cid - Porquê Meu Amor Porquê?

  45. 45

    José Cid - Uma Balalaika

Onde, Quando, Como, Porque Cantamos Pessoas Vivas

José Cid

I - ...cantamos pessoas vivas...

É por aqui que se começa
Pelas palavras simples
Recusando a amargura
Nas margens do poema
Pelas pessoas vivas

É por aqui que se começa
Pela fúria de começar
Com a voz em liberdade
Sem muralhas no olhar
Cantando pessoas vivas

É por aqui que se começa
Pela fúria de começar
Usando palavras simples
Cantando pessoas vivas
Ensinando-as a pensar

II - Onde...

Quando percorro as margens deste rio
Jogando letra a letra, verso a verso
As idéias que hora a hora, dia a dia
Me repetem, me ensinam
O caminho do processo
Hora a hora, dia a dia, verso a verso...

Quando escrevo nas paredes o teu nome
E sinto intensamente à flor da pele
A estranha sensação de quem encontra
Esse nome, o teu nome
Voando no papel
O nome do meu hotel, liberdade...

Quando passo pela ponte deste rio
A quem também chamei de Rio Dourado
E sinto intensamente a alegria
Me encontro, e renasce em mim
O canto da verdade
O espelho da verdade, que me invade...

E parto a pensar no meu regresso
E volto a pensar na despedida
Acordo no país a que pertenço
E aprendo, e repito
A palavra proibida
A palavra esquecida, liberdade...

III - Quando...

Quando o branco da neve se confunde as ondas
Quando a nafta das ondas dissolve no mar
Quando os corpos flutuam perdidos no vácuo
E regressam sem nexo ao secreto lugar

Quando idéias se fixam na minha memória
Quando o som dos meus passos ecoa no ar
E os sonhos se perdem no fundo do meu ser
Me conduzem as portas do secreto lugar

Onde
Quando
Como
Porquê
Cantamos pessoas vivas!

Quando um povo vivia na noite distante
Avançando pesado, lento e devagar
Sonhando encontrar o limite da vida
Neste calmo, tranquilo e secreto lugar

Sono calmo, tranquilo, trancado e coberto
Me recordo com raiva de me contentar
No espelho perfecto dessas paredes
No meu calmo, secreto e futuro lugar

Onde
Quando
Como
Porquê
Cantamos pessoas vivas!

IV - Porque...

Porque os ponteiros do tempo não pararam
Nas torres das igrejas, nem ruína
E avançam calados...e discretos...
Um pouco para baixo, um pouco para cima

Porque os ventos mudaram para sempre
Apagando as pálidas imagens
Dos mitos, de caveiras, "belle-époque"
Que fugiram para longínquas paragens

Porque o sorriso voltou de novo ao rosto
Daqueles que ficaram vigilantes
Perfumando cidades e aldeias
Que deixaram de ser como eram antes

Também eu me sinto um homem novo
Do sangue que me corre pelas veias
Porque o stress levou todas as fontes
Que levaram a nevasca às aldeias

V - Como...

Como um raio de sol na porta entreaberta
Como quem tem um filho pela primeira vez
Como quem anda nu sobre a praia deserta
Como quem pisa a lama entre os dedos dos pés

Como um poema de maio sobre o meu país
Como quem dorme ao relento em pleno mês de agosto
Como as linhas da vida na palma da mão
São as coisas mais simples que me dão mais gosto.

Como quem passa sempre no mesmo lugar
Como o tempo escrevendo sulcos no meu rosto
Como a luz desenhando círculos de fogo
Entre as nuvens que sobram da linha do sol posto

Como o vento agitado na rama dos pinhais
Como a sombra cobrindo parte do meu corpo
Como o som lembrado algum tempo depois
São as coisas simples que me dão mais gosto.

VI - ...cantamos pessoas vivas. (reprise)

E depois de começar
Embarcamos na canção
Sem pontas nem grandezas
Com o povo no coração
Pra isso serve a canção

Navalha de corpo inteiro
Pra dar o golpe certeiro
Em quem lhes nega a razão

Acabar também é simples
Mais simples do que começar
Desenhamos um país
Com o máximo vigor
Sem pessoas nem fronteiras
E fomos bem adentro

Palavras certeiras...

É por aqui que se termina
Pelas palavras simples
Pra isso serve a canção
Definindo a situação

Cantando pessoas vivas...
Cantando pessoas vivas...

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