1. 1

    Jayme Caetano Braun - Bochincho

  2. 2

    Jayme Caetano Braun - Do Tempo

  3. 3

    Jayme Caetano Braun - Tio Anastácio

  4. 4

    Jayme Caetano Braun - Galo de Rinha

  5. 5

    Jayme Caetano Braun - Payada

  6. 6

    Jayme Caetano Braun - Mateando

  7. 7

    Jayme Caetano Braun - Amargo

  8. 8

    Jayme Caetano Braun - Cemitério de Campanha

  9. 9

    Jayme Caetano Braun - Sem Diploma

  10. 10

    Jayme Caetano Braun - Galpão Nativo

  11. 11

    Jayme Caetano Braun - Payada das Missões

  12. 12

    Jayme Caetano Braun - Negrinho do Pastoreio

  13. 13

    Jayme Caetano Braun - Último Bochincho

  14. 14

    Jayme Caetano Braun - Pra Ti Guria

  15. 15

    Jayme Caetano Braun - Órfão de Mãe Preta

  16. 16

    Jayme Caetano Braun - China

  17. 17

    Jayme Caetano Braun - Remorsos de Castrador

  18. 18

    Jayme Caetano Braun - Chimarrão e poesia

  19. 19

    Jayme Caetano Braun - Chimarrão do Estrivo

  20. 20

    Jayme Caetano Braun - Cusco Baio

  21. 21

    Jayme Caetano Braun - Os Quatro Missioneiros

  22. 22

    Jayme Caetano Braun - Payada do Negro Lúcio

  23. 23

    Jayme Caetano Braun - Paraíso Perdido

  24. 24

    Jayme Caetano Braun - Payada ao Negro

  25. 25

    Jayme Caetano Braun - Missioneiro

  26. 26

    Jayme Caetano Braun - Payada do Laçador

  27. 27

    Jayme Caetano Braun - Arroz de Carreteiro

  28. 28

    Jayme Caetano Braun - Alma Pampa

  29. 29

    Jayme Caetano Braun - Hermano

  30. 30

    Jayme Caetano Braun - Natal Galponeiro

  31. 31

    Jayme Caetano Braun - O Gaúcho

  32. 32

    Jayme Caetano Braun - Porque Guri Não Sesteia

  33. 33

    Jayme Caetano Braun - Renascimento

  34. 34

    Jayme Caetano Braun - Última Rainha

  35. 35

    Jayme Caetano Braun - Acampamento Farrapo

  36. 36

    Jayme Caetano Braun - Duas Cruzes

  37. 37

    Jayme Caetano Braun - Identidade

  38. 38

    Jayme Caetano Braun - Itay Tupãbaé

  39. 39

    Jayme Caetano Braun - Meu Canto

  40. 40

    Jayme Caetano Braun - Paisagens Perdidas

  41. 41

    Jayme Caetano Braun - Payada Das Primaveras

  42. 42

    Jayme Caetano Braun - Payada do Safenado

  43. 43

    Jayme Caetano Braun - Payador, Pampa e Guitarra

  44. 44

    Jayme Caetano Braun - Querência, tempo e ausência

  45. 45

    Jayme Caetano Braun - Coruja do Campo

  46. 46

    Jayme Caetano Braun - Está na hora

  47. 47

    Jayme Caetano Braun - Peão de Tropa

  48. 48

    Jayme Caetano Braun - Prece

  49. 49

    Jayme Caetano Braun - Quizera Ter Sido

  50. 50

    Jayme Caetano Braun - 20 de Setembro / Carnavalito / Chimarrita / Boi Barroso

  51. 51

    Jayme Caetano Braun - Alambrado

  52. 52

    Jayme Caetano Braun - Brasil Doente

  53. 53

    Jayme Caetano Braun - Destinos

  54. 54

    Jayme Caetano Braun - Heranças

  55. 55

    Jayme Caetano Braun - Hora da Sesta

  56. 56

    Jayme Caetano Braun - Meu Pedido

  57. 57

    Jayme Caetano Braun - Meu Verso

  58. 58

    Jayme Caetano Braun - Payada do Ano Novo

  59. 59

    Jayme Caetano Braun - Sangue Farrapo

  60. 60

    Jayme Caetano Braun - Tronco e Raízes de Uma Estirpe

  61. 61

    Jayme Caetano Braun - Trovador Negro

  62. 62

    Jayme Caetano Braun - 7 de Setembro

  63. 63

    Jayme Caetano Braun - Branco Ou Colorado

  64. 64

    Jayme Caetano Braun - Nobre Tupambaé

  65. 65

    Jayme Caetano Braun - Seu Esmilindro

  66. 66

    Jayme Caetano Braun - Charlas de Domador

  67. 67

    Jayme Caetano Braun - Gineteando

  68. 68

    Jayme Caetano Braun - Guitarreiro

  69. 69

    Jayme Caetano Braun - Jogando Truco

  70. 70

    Jayme Caetano Braun - Mais Um Ano

  71. 71

    Jayme Caetano Braun - Mangueira de Pedra

  72. 72

    Jayme Caetano Braun - O Gaudério

  73. 73

    Jayme Caetano Braun - Piazedo

  74. 74

    Jayme Caetano Braun - Arroz Carreteiro

  75. 75

    Jayme Caetano Braun - Cordeona

  76. 76

    Jayme Caetano Braun - Curuja do Campo

  77. 77

    Jayme Caetano Braun - Da Marca Antiga (part. Lúcio Yanel)

  78. 78

    Jayme Caetano Braun - Don Athaualpa

  79. 79

    Jayme Caetano Braun - Faca-Coqueiro

  80. 80

    Jayme Caetano Braun - Meu Pingo

  81. 81

    Jayme Caetano Braun - Morreu o Velho Chô Égua

  82. 82

    Jayme Caetano Braun - Payada da Páscoa

  83. 83

    Jayme Caetano Braun - Ponteio

  84. 84

    Jayme Caetano Braun - Testamento Novo

  85. 85

    Jayme Caetano Braun - Última Clavada

  86. 86

    Jayme Caetano Braun - Vaqueano

  87. 87

    Jayme Caetano Braun - Volvendo

  88. 88

    Jayme Caetano Braun - Merceditas

  89. 89

    Jayme Caetano Braun - Milonga de três bandeiras

  90. 90

    Jayme Caetano Braun - Momento Sério

  91. 91

    Jayme Caetano Braun - Pajada de Apresentação (12ª Semana Crioula Internacional de Bagé)

  92. 92

    Jayme Caetano Braun - Passo Fundo Lendário

  93. 93

    Jayme Caetano Braun - Payada "Programa Galpão Nativo"

  94. 94

    Jayme Caetano Braun - Tacuapi

  95. 95

    Jayme Caetano Braun - Teatinos

Payada Das Primaveras

Jayme Caetano Braun

É um manancial de alegria
A inspiração que estravaza
Quando a gente dá ô de casa
Pra escutar um buenos dias

Cincerros de melodias
Que sobe na atmosfera
Depois tudo se entrevera
Num soluço de beleza
Pra saudar a natureza
Vestida de Primavera

É o quadro vivo mais lindo
Que enternecido contemplo
O varzedo é todo um templo
Cheio e vida Surgindo

Flores do campo se abrindo
Quando tudo se alvoroça
O bicharedo retoça
Em barbarescos namoros
O próprio berro dos touros
Parece até que se adoça

Quadro de todos os anos
A gente anseia revelo
Até os guachos do sinuelo
Parecem mais araganos
Há fogo em nossos tutanos
Na misteriosa mudança

É o tempo em eterna dança
Que nos empurra pra diante
E a saudade mais distante
Volta a queimar na lembrança

O lindo capim mimoso
Prossegue o rodízio eterno
De se queimar no inverno
Pra renascer mais viçoso

No ciclo maravilhoso
Da tábua das estações
Peixes pulam nos lagões
E os pássaros payadores
Misturam trinos e cores
Entre as crinas dos capões

Parece que se desata
O toque dos elementos
Trazendo na voz dos ventos
Um eco de serenata

Até a chilena de prata
Retira e mais patacuera
Na melodia campeira
Que se faz cancha no espaço
Como marcando o compasso
Junto ao sabiá-laranjeira

Há tanta autenticidade
Nas vozes da natureza
Que resumem a beleza
Da própria simplicidade

A estação não tem idade
Dela não há quem se esconda
Tudo se ajeita, arredonda
Tudo renasce, se agita
Na clarinada bonita
Da Primavera que ronda

As aves cantam mais cedo
E os cuchinchos mais a miúde
Nessa sinfonia rude
De céu, vento e arvoredo
Há um misterioso segredo
Terneiro berra mais grosso
Potrilho arqueia o pescoço
No milanar evangelho

O osso fica mais velho
O velho fica mais moço
O sangue anda mais depressa
Nas artérias e nas veias
Arrebentando maneias
Da vida que recomeça

Não há barreira que impeça
O tempo que se arremanga
Floresce o pé de Pitanga
Branqueando num desafio
E se acorda mais macio
O bordoneio da sanga

Mas não só nos descampados
A Primavera incêndeia
Ela se enfeita e passeia
Nas vilas e nos povoados
Nos ambientes asfaltados
Cidades e capitais
Pombas, bem-te-vi's, pardais
Em melodiosos arrulhos
Repetem doces barulhos
De tempos imemoriais

Nas ruas e nas calçadas
A infância e a juventude
Que não há força que mude
Desfilam entreveradas
E as paysanas encantadas
Xiruas respiram fundo
Vibrando cada segundo
Sentindo cada minuto
O domínio absoluto
Que tem da gente e do mundo

E o homem defronte a isso
Até parece impossível
Vai se tornando insensível
Por força de algum feitiço
É um criminoso, um omisso
Da forma mais inconsciente
Gente que já não é gente
Buscando outra trajetória
Depois da triste vitória
De matar o meio ambiente

Será tão empedernido?!
Que não veja quando cruza
Dois cerros contra uma blusa
Dum poema recém vestido
Ou não lhe adoce o ouvido
Insensível, deformado
O concerto aveludado
De uma calandria selvagem
Vestindo nova roupagem
De bico recem pintado

Eu pergunto, de que adianta
Plantar um pé de erva-mate
Como sinal de combate
Em defesa de uma planta
Se a mesma mão que levanta
Nessas considerções
É que assina conceções
Num inconsciente floreio
Aos assassinos do meio
Que fazem devastações

Falta ainda muito pro resto
Mas em tempo me concentro
Entrar primavera a dentro
Não da força ao meu protesto
Vale a homenagem que presto
A todos os índios cueras
Que lutam contra as taperas
E contra as destruições
A eles minhas canções
Vestidas de Primavera

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