1. 1

    Dealema - Sala 101

  2. 2

    Dealema - Escrevo pela Liberdade

  3. 3

    Dealema - Nada Dura Para Sempre

  4. 4

    Dealema - Bom Dia

  5. 5

    Dealema - Lei das Ruas

  6. 6

    Dealema - A Última Criança

  7. 7

    Dealema - Bófiafobia

  8. 8

    Dealema - A cena toda

  9. 9

    Dealema - Quem fui, quem sou

  10. 10

    Dealema - Talento Clandestino

  11. 11

    Dealema - Ás de Espadas (part. Marta Ren)

  12. 12

    Dealema - Escola dos 90

  13. 13

    Dealema - Primeira Vez

  14. 14

    Dealema - Sinfonia Agridoce

  15. 15

    Dealema - Fado Vadio

  16. 16

    Dealema - Palavra É Arma (part. Kid MC)

  17. 17

    Dealema - Quando o amor se torna veneno

  18. 18

    Dealema - Tributo

  19. 19

    Dealema - Verdade Ou Consequência

  20. 20

    Dealema - A Batalha

  21. 21

    Dealema - A cova que eu cavo

  22. 22

    Dealema - Amo-te

  23. 23

    Dealema - Amor Veneno

  24. 24

    Dealema - Chave Da Saida

  25. 25

    Dealema - Gota d'Água

  26. 26

    Dealema - Léxico Disléxico

  27. 27

    Dealema - Mergulha na felicidade

  28. 28

    Dealema - O Olho Que Vê Tudo

  29. 29

    Dealema - O Que É Feito?

  30. 30

    Dealema - Olhos de vidro

  31. 31

    Dealema - Pacífico

  32. 32

    Dealema - Porque?

  33. 33

    Dealema - Segunda Vinda(A profecia) feat Woyza

  34. 34

    Dealema - Tempestade Mental

  35. 35

    Dealema - Tempos de Miúdo

  36. 36

    Dealema - Verdadeiros amigos

  37. 37

    Dealema - Vive (feat. NBC)

  38. 38

    Dealema - 1 Inicio 1 Fim

  39. 39

    Dealema - 33 - 45 - Dj Nel'assassin

  40. 40

    Dealema - A Fonte

  41. 41

    Dealema - A fundação

  42. 42

    Dealema - A Grande Tribulação

  43. 43

    Dealema - Alvorada da Alma (feat. Dino D´Santiago)

  44. 44

    Dealema - Anatomia do Espírito

  45. 45

    Dealema - Bons Velhos Tempos

  46. 46

    Dealema - Causa Perdida

  47. 47

    Dealema - Comportamentos Bizarros

  48. 48

    Dealema - Concreto Abstrato

  49. 49

    Dealema - Dealema

  50. 50

    Dealema - Expresso do Submundo

  51. 51

    Dealema - Família Malícia

  52. 52

    Dealema - Infiéis

  53. 53

    Dealema - Limiar da Sanidade

  54. 54

    Dealema - Mais uma sessão

  55. 55

    Dealema - Mergulho Na Felicidade

  56. 56

    Dealema - Nunca, mesmo nunca

  57. 57

    Dealema - Portugal Surreal

  58. 58

    Dealema - Sonhar acordado

  59. 59

    Dealema - Ultimato

A Grande Tribulação

Dealema

Foi como todo Universo submerso na escuridão
No dia em que o planeta alterou o seu eixo de rotação
Não sobrou intacta uma torre de alta tensão
E assim nasceu um motim nos dias do fim da televisão
Cadáveres acumulados em corredores de hospitais
Sem energia para reanimar quem perdera sinais vitais
Bancos tomados de assalto, sangue fresco no asfalto
Crianças choram com medo em pânico e sobressalto
Casas barricadas, tábuas cobrem todas as janelas
A noite é guerra sem tréguas, vigilância à luz de velas
Era dos poucos sentinelas vivos naquela região
Outros partiram para a montanha e formaram rebelião
Mantido no sótão a acumular mais informação
Num diário de bordo de acordo com o protocolo da minha missão
Na rua começa a luta por mantimentos e munições
Humanos salivam furiosamente em cerebrais disfunções

Não sabia que podia haver o dia em que o céu era cor do sangue
O pânico chegou num instante
Idosos não resistem aos destroços, foram mortos
Há fogo na cidade, a noite é arrepiante
Lagartas de aço esmagam restos mortais
A carne presa na blindagem dos tanques atrai os cães
A fúria da população é alucinante
Pinto o quinto círculo do inferno de Dante
Vejo animais carbonizados por cocktails molotov
Em pilhagens há demónios com fome
Vejo o reflexo das chamas nos olhos de uma criança
Que arrasta o pai pelo chão, é tarde demais
Mais um órfão da destruição humana,
Altifalantes anunciam paz nas ruas, liguem os canhões de água
Tudo aquilo em que acredito teve o fim naquele dia
Tive que matar o meu melhor amigo, sobrevivo

O que é que vais fazer quando a energia cessar e a escuridão emergir?
Ninguém te irá socorrer, vai-te já preparando para o que virá a seguir

Tento manter a calma, não entrar em choque
Deambulo pelo caos, sinto o cheiro da morte
Sigo os animais em fuga para a Natureza
Dentro de mim grita o instinto de sobrevivência
Tenho que encontrar abrigo, acender uma fogueira
Escavar uma trincheira para escapar à hipotermia
Em busca de um refúgio sem GPS ou bússola
De dia sigo o sol, à noite guio-me pela ursa
Maior, Orion, Polaris, Cassiopeia
Recordo a infância e livros de astronomia
A prioridade é a segurança, afio uma lança
Com um canivete suíço, que trago sempre comigo
Às vezes repouso o corpo, mas a mente não descansa
Colho bagas, mato a fome, mas a sede pede um rio
Não desisto, a necessidade aguça o engenho
Sobreviver agora só depende do meu empenho

2012 não foi o fim do mundo
População em sono profundo, escrava do fundo
Monetário Internacional
Agora formei comunidade, fora de uma cidade em caos total
Os donos destes mundo levaram a avante
O plano de destruição fez correr o sangue
Dos espectadores às suas ordens
Viemos das prisões e correntes na Inquisição
Às mentes alienadas dos jovens pela televisão
E agora despertam do coma e os que se apercebem
Sentem revolta, querem de volta a liberdade
Nesta comunidade, permacultura e naves terrestres são uma realidade
Sem depender de electricidade, excluir com certeza
Outras formas destruidoras da natureza
Reconstrução do planeta de forma lucrativa
Na nova economia, aqui a vida é gratuita

A pobreza, impossível outro nível de consciência
Com base na auto-suficiência
Criei colectivos para gerir recursos naturais
Ambientar água, solos, plantas, animais
Sociedade de consumo rejeitada, auto-gestão
Porque a vida é uma dádiva divina, uma criação
E a terrível especulação do mercado nos priva
Mas um dia este lugar deixará de ser utopia

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