Milonga, que ao sonho invade
Tem na saudade sua inspiração,
Às vezes é bem campeira,
Peleando inteira com a solidão!
Tristeza, velha vaqueana,
Que agora engana meu divagar
Embora, a campo fora,
Não tenha hora pra desencilhar!
Silêncio junta os pedaços,
Enrodilha o laço do próprio canto,
Enxuga o pranto das folhas mortas,
E encosta a porta do meu recanto!
Amargo, fiel parceiro,
Mate estradeiro vem verdejar,
Recosta teu verso amigo,
Que teu castigo vem me acompanhar!
Teus olhos verde esperança,
Cristais que amansam meu coração...
De longe, embalam noites,
Que o vento trouxe na escuridão!
Meu sonho ganhando as ruas,
Co'as vestes tuas rondando as sedas...
Esquentam o catre manso,
Enquanto dançam as labaredas!
E a lua, tua formosura,
Serena e pura, de alma trigueira...
Uma flor brejeira, a tecer carinho,
Ajoujando o ninho de companheira!