Mas que saudade se sente
Quando se está longe de casa
E se procura no rádio
Uma milonga qualquer
Dá uma vontade danada
De se achicar na mulher
Na inspiração de algum mate
Ou na insônia que vier
Que porcaria de sina
Que nos empurra pra longe
Deixando um monte de coisas
Pra solidão se entreter
Mescla de cincha e sinuelo
Que me negou sem floreios
O bem-estar da querência
Pelos potreiros que vê
Vida toca qualquer coisa
Pura que tenha cheiro de terra
Que leva a gente pra junto
Dos seus na espera de ouvir uma gaita tocar
Além da essência mesquinha
Ingrata que mata um pouco da dor
Mirando a corrente que prende o motivo
Indefeso de se libertar
É por demais a saudade
Insuportável que se sente
Pois quando a gente depende
A lágrima encharca a razão
Se diminuir a certeza
De cabrestear a paixão
Fazendo o tempo esconder
Como quem balda um galpão