Por algo sou pelo duro
E o campo é meu elemento
Na alma penas e vento
Nos nervos ganas de andar
Vendo os pássaros cantar
Entendi meu nascimento
Há cantos que calam vozes
E há vozes que calam cantos
Como calar no entanto
O claro canto dos pássaros
Se para cantar nascem tantos?
Meu berço ninho de rama
Nas melenas de um umbú
Minha mãe uma torcaza
Meu pai o vento pampeiro
Meu destino ser herdeiro
Do descaso a minha raça
Eu canto e brota do peito
O livre canto do pago
Sou pássaro procurado
Não pelo encanto que tenho
Mas pelo canto que trago
Quantos pássaros cativos
Porque encantam ao cantar
Ter penas não é ser livre
Nem nos pode libertar
Um par de asas apenas
Se falta o céu pra voar