Pela manhã, vi como dormem os silêncios
Nesse sono intranquilo, invulgar, feito de tantos cuidados
E na ternura do meu quarto da loucura
Faço um fado de três tempos, andamentos acordados
Visto a vontade, saio à rua, já é tarde
Estou em mim ou na cidade?
Será que o tempo parou?
Mas só agora é que eu tenho a luz do dia
Sou a manhã da tarde em que a noite se fez
Pois só agora é que a voz me faz sentido
Canto e já não estou perdido, por ser de noite
Pela manhã, vi como dormem os silêncios
Nesse sono intranquilo, invulgar, feito de tantos cuidados
E na inocência do meu quarto da demência
Faço um fado de três tempos, andamentos acordados
Visto a vontade, saio à rua, já é tarde
Estou em mim ou na cidade?
Será que o tempo parou?
Procuro o Sol da meia-noite desta tarde
Sou do fado ou da cidade?
Ou apenas de onde estou?
Chegou a hora de contar a luz do dia
Pelo relógio das horas que o fado fez
Pois só agora é que a voz me faz sentido
No meu tempo desmedido por ser da noite
Já está na hora de cantar a luz do dia
Pelo relógio da noite que o fado fez
Chegou a hora desta voz fazer sentido
Sou do fado ou estou perdido
Noite outra vez