Era só mais uma noite sob a Lua cheia
Ondina brilhava, mas a alma escurecia
Gabriel, sorriso leve, sonhos pela frente
Com um amigo ao lado, coração inocente
Mas na sombra fria, um destino cruel
A mira certeira de quem saía do quartel
Pretinho na ondina, tá tirando onda, tá de ondinha!
Se esqueceu que juca mata!
Quem tem a pele escurinha
Deitados na calçada, ouviram alí a sentença que foi dada
Mãos pra trás, fiquem no chão!
Nenhum crime cometido, só a cor na contramão
Que poder é esse que diz quem vive e quem morre?
Doze tiros ecoando, e o futuro já não corre
Ondina chique e branca fechou os olhos para a dor
Enquanto o sangue negro escorria em salvador
Pretinho na ondina, tá tirando onda, tá de ondinha!
Se esqueceu que juca mata!
Quem tem a pele escurinha
Juca não vê sonhos, não vê humanidade
Só enxerga o terror, o medo, a hostilidade
O pretinho virou número
Mais um na estatística!
Enquanto ondina segue muda e egoísta
Gabriel não pode mais voltar, mas a luta tá no ar
Cada batida do tambor vem pra denunciar
A juventude negra tem direito à vida!
E a voz do reggae grita contra essa ferida
Como onda, a resistência vai surgir
E pra cada juca armado, um de nós vai resistir
Pretinho na ondina, tá tirando onda, tá de ondinha!
Se esqueceu que juca mata!
Quem tem a pele escurinha
O gueto não cala e salvador vai ouvir
A dor dos meninos que não podem mais sorrir
Gabriel, presente! Sua luz vai resistir
Até que haja justiça, ninguém vai desistir