Foi s'imbora de ponga no trem
De piritiba, foi muito além
No França, oficina da ferrovia
Se escondeu, tava fugindo
Do maquinista que conduzia
E dele era pai, o seu Hermínio!
Seguindo viagem e de passagem
Por migué calmon, lá não desceu
Seguiu firme, vendo a paisagem
Mesmo menino, não se abateu
Aos oito anos, nenhuma bagagem
Um sofredor desde que nasceu
Carinho de mãe perdeu logo cedo
Mas pelas irmãs foi bem criado
Mira no horizonte a lhe guiar
Criou coragem, venceu o medo
Sozinho tinha que encarar
Assim partiu sem deixar recado
Pois só quem espera é lajedo
Por tempo ruim e relampado
Além dos trilhos, a esperança
Por trás da serra se descortina
Um mundo novo, jacobina!
Espera adiante, fica na lembrança
Aqui mesmo que'eu vou descer!
Foi o grito, do Britto a irromper
Em jacobina aqui vou viver!
Foi o grito de um Ton a renascer
Ao descer na estação
Com a fome de matar leão
Saciou com sal e apenas tomate
Pensando em arrumar uma solução
Querendo fazer algum biscate
Ligeiro fez caixa de engraxate
Escova, flanela e pasta
Pra lustrar todo sapato
Somente isso não basta
Tem de insistir, ser chato
Desdobrar esse povo amuado
E ganhar algum trocado
Terminou o curso primário
Formou na escola da vida
Futebol também treinou
Venceu muita partida
Mas foi no setor agrário
Que sustentou a sua vida
Experiente tratorista
Muito bem requisitado
Por tanto fazendeiro
Até prefeito e deputado
Rodando o Brasil inteiro
O D-9 fazia estrago
De açude a estradão
Cortando talude ou
Passando o correntão
Rotina dura de todo peão
Que mina o suor do rosto
Todo dia para garantir o pão
Além dos trilhos, a esperança
Por trás da serra descortina
Um mundo novo, jacobina!
Espera d'anta, na lembrança
É aqui que eu vou descer!
Um grito, do Britto a irromper
Em jacobina aqui vou viver!
Foi o grito de um Ton a renascer