Encontrei a Marcolina

Baitaca

Me pilchei bem a capricho, passei mocotó nas crina'
Engraxei meu trinta e oito e me fui pra tasca da esquina
Cheguei e emboquei pra dentro, tava lotado de china
Uma luz meia embaciada, parecia uma neblina
Onde tinha uma morena pernuda e cintura fina
Sou grosso, mas ando alerta, fui conferir bem de perto
Era a negra Marcolina

Chegou sorrir de contente quando ela viu que era eu
Se reboleando, me disse: -Que bom que tu apareceu
Porque eu tô pegando fogo, passe a mão no corpo meu!
Foi tirando tudo a roupa, ficou igual como nasceu
Se atracou num estrepetis' que até me surpreendeu
E essa negra não é mol, perguntei do bebidol
Que o Pedro Bica te deu

Tapeei bem o meu chapéu e mandei que tocasse um xote
E a negra Marcolina se agarrou no meu cangote
Dançava se requebrando pra magoar o resto do lote
Um pouco, dançava bem, outro pouco, nós ia' a trote
Que nem égua caborteira, chegava inté' dar pinote
Mas, hoje, eu te tiro as manha', que eu não tô crespo de canha
E comigo, tu erra o bote

Fiquei de dono da tasca c'o aquela negra assanhada
Mordia a perna do freio, pior que gueixa esfogueteada
Se grudou no meu pescoço, na minha perna, acavalada
Foi me arrastando pro quarto já quase de madrugada
Se queixou que o Pedro Bica não tinha lhe feito nada
Nhe-nhemo' até sair o sol, eu fiquei de perna mol
Mas a negra amarrotada

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