Chega de acreditar em mentiras e transformá-las em verdades
E ficar a assistir este festival de contrastes
Usa os braços que cruzaste
E as pernas que dobraste
Ficas aí sentado, tás à espera de milagres?
Eu quero que te largues e caminhes como um líder
Sejas de Centro, Norte ou Sul de Moçambique
Aprenda com o Fidel que o inimigo tá lá fora
E quer o teu gás, tua energia de Cahora
E colabora com os traidores que habitam cá dentro
Pilham o que há dentro
Mas dizem que não há nada aqui dentro
A vida cá dentro é um caos e todos apontam a culpa
Moçambicanos usam a guerra sempre como desculpa
Eu peço desculpa, mas essa atitude é ridícula
Em vez de um ponto na situação vocês põem uma vírgula
E se alguém nos deve algo vamos buscá-lo nós próprios
A esmola que pedimos só nos deixa mais pobres
Veja, nada é de borla neste mundo capitalista
Eles dão-te esmola, mas querem o nome deles na lista
No topo da lista dos patrões que mandam em nós
Os mesmos que no passado mandaram nos nossos avós
Não!
Diga não a exploração
Cuidado que a informação é meio de colonização
Aprende que a revolução
Começa quando a nossa gente souber dizer não, não
Não, eu recuso-me a ser boneco animado
Programado pra consumir tudo que é importado
Enlatado, costurado ou digitalizado
Embalado, endereçado pra o nosso mercado, não
Não enquanto tiver braços pra trabalhar
Tiver pernas pra caminhar
E um cérebro pra pensar, sim
Nós só vamos criar a nossa economia
Quando começarmos a acreditar na nossa autonomia
Eu explico
O capital circula dentro d’um ciclo
E só comprando o que é nosso, nós fechamos o ciclo
E o capital volta pra nós
Porque investimos em nós
Por nós e para nós
Torna o país mais rico
São, ou não são jovens seiva da nação
Vamos formá-los em engenharia, não só em gestão
Não, como é que queremos transformar o nosso petróleo
Se é difícil de encontrar um químico ou um geólogo
Interessa-nos formar mais políticos mentirosos
Ou gente capacitado para produzir o que é nosso?
Vamos gerir o nosso negócio
Venda à grosso ou à retalho
De material do que é nosso
Nosso suor, nosso trabalho
Sim!
Diga não a exploração
Cuidado que a informação é meio de colonização
Aprende que a revolução
Começa quando a nossa gente souber dizer não, não
Não, eu não vou aceitar a vossa cultura
Não antes de respeitarem aquilo que é nossa cultura
Os vossos filmes e novelas só tem sexo e violência
E só aumentam a nossa taxa de seroprevalência
Não, não me interessa se está na moda
Esses fatos que estão na loja
Com o calor que faz em África não têm lógica
A vossa roupa é escandalosa
Aqui a mulher não precisa dela pra se tornar famosa
Mais Marias José Sacur, mais Rutes Varrela
Mais Renatas, mais mulheres como a nossa Anabela
E homens como hem… Ricardo Rangel
Malangatanas bem Valentes Jeremias Ngwenha
E as nossas radios e televisões
Que mostram mais isso
De moçambicanos pra moçamicanos este é o compromisso
Eu compro isso e espero que vocês comprem também
Porque importar programação se fazê-mo-la bem
Que se criem leis que defendam antes de mais o que é nosso
Nossa música, nossa arte, o nosso próprio negócio
Mais do que leis defenda tu aquilo que é nosso
Nosso orgulho moçambicano, tu podes, eu posso