Olhando a cidade daqui Mais de cima e de longe Eu fico viajando na viralatice dos prédio Eu fico viajando na viralatice das caras Que emolduram semblantes em meio às janelas dos prédios Mesmo que aqui de longe Eu consiga nem bem ver as caras
Um pombo supera tranquilo a avalanche de rodas E eu fico pensando nos carros que correm nas vias E eu fico pensando no sangue que corre nas veias Emitindo e sorvendo, levando e trazendo um montante de gases Eu fico parado pensando que sangue envelhece petróleo
Finas camadas envolvem o chão Toneladas rumo aos céus Nuvem chumbo, grosso véu Tens no chão
Guarda-chuvas se abrem nervosos Pontos pretos de cravo Canaletas, bueiros, engolem as águas secando a cidade Eu olho meu braço com poros abertos brotando minha idade Eu ouço sirenes abrindo berreiros por todo os lados Como um fungo bandido, urgente e sedento, a idade se espalha